Incêndio florestal é todo o fogo que se propaga livremente, respondendo às variações do ambiente. Segundo o Corpo de Bombeiro, nove em cada 10 ocorrências são provocadas por irresponsabilidade humana. As consequências são mais graves do que se imagina, e os incêndios representam um grande desafio e uma ameaça ao meio ambiente, à agricultura, ao setor florestal e à população. Durante o inverno, principalmente entre junho e novembro, os riscos aumentam, pois a vegetação seca, a baixa umidade do ar e a estiagem facilitam a propagação das chamas. Por isso, a hora de agir é agora, para que possamos atuar na prevenção.
Para alertar a população sobre o perigo, a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE) lançou, em parceria com diversos órgãos e instituições do estado, a Campanha de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais 2023. O evento aconteceu nesta quarta-feira (31), no Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR). Neste ano, o slogan escolhido foi “Não temos tempo a perder. Precisamos evitar os incêndios florestais agora”, para reforçar a mensagem de que a prevenção é o melhor caminho e que todos são responsáveis.
Segundo o presidente da APRE, Zaid Ahmad Nasser, o objetivo é atuar na conscientização. Com materiais gráficos e audiovisuais, a campanha busca, mais uma vez, levar informação à população e alertar sobre o perigo e as consequências de um incêndio florestal, destacando quais ações podem causar incêndios e o que fazer ao avistar um foco.
“Para diminuir os riscos e, ao mesmo tempo, podermos agir rápido em caso de emergência, precisamos investir na prevenção e na informação. Queremos mostrar que todos são responsáveis por cuidar do meio ambiente. Sabemos que, mesmo com esse trabalho, incêndios ainda podem ocorrer, e precisamos estar preparados. Então, a campanha também atua nessa parte de levar o conhecimento às pessoas para que saibam agir ao avistarem um foco”, destacou.
Nasser lembrou, ainda, que programas de prevenção e combate a incêndios florestais já fazem parte do calendário das empresas florestais há muitos anos, e a APRE e suas associadas sempre buscaram se antecipar ao problema, prevenindo a dispersão do fogo para áreas florestais e comunidades do entorno. As ações incluem torres de monitoramento, pessoas treinadas, brigadistas, equipamentos e um canal de comunicação com a comunidade do entorno, além de uma ampla rede de contatos entre as empresas para acompanhamento e troca de informações e alertas.
“Todo esse conhecimento nos trouxe bagagem para que pudéssemos organizar uma campanha de âmbito estadual, porque entendemos que, em conjunto, podemos desenvolver um trabalho ainda mais assertivo. Nosso objetivo é que a informação chegue ao maior número de pessoas possível e que isso ajude a diminuir os riscos de ocorrência de incêndios florestais e suas consequências. Por isso, só posso agradecer a cada uma das instituições que acreditou na ideia e faz parte deste projeto com a APRE”, declarou.
Quem também participou da cerimônia de lançamento da campanha foi o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. Na avaliação dele, o esforço que está sendo feito pelo setor produtivo e pelas diversas entidades ligadas ao tema é muito importante e precisa ser fortalecido. Ele reforçou que é fundamental conscientizar a população para os riscos ambientais, ao patrimônio e à vida que o fogo traz.
“Somos uma agricultura grande, diversificada. Temos um setor florestal que emprega milhares de pessoas no Paraná, um setor que gera muita riqueza para o Brasil. Precisamos ter uma agricultura e um ambiente sustentáveis e garantir a manutenção da biodiversidade. Tudo isso faz parte de um processo para construir uma agricultura mais competente e mais competitiva. Não podemos ter riscos, e o fogo é um risco. É inteligente unir esforços a partir de uma série de parceiros que pensam da mesma forma, construindo uma boa comunicação com a sociedade, com as famílias rurais e urbanas, no sentido da prevenção. As estatísticas têm demonstrado que 90% das ocorrências são provocadas pelo homem. Então, temos que chegar à população para conscientizar”, afirmou.
Gustavo Sbrissia, diretor de Políticas Ambientais da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Paraná (Sedest), também destacou a relevância das ações e reafirmou o compromisso da pasta com o tema.
“O mundo tem registrado eventos climáticos extremos e cada vez mais frequentes. Isso demonstra a importância de estarmos aqui lançando essa campanha. Incêndio traz perda de biodiversidade, perda de produção, aumento de emissões, o que demonstra que devemos, cada vez mais, intensificar as ações entre as instituições para combater, educar e trabalhar nesse assunto. Precisamos aumentar os investimentos em monitoramento e análise para previsão de risco e frente de resposta. Temos que envolver também os municípios, para que auxiliem a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros neste trabalho”, pontuou.
Solange Coelho, presidente em exercício do Instituto de Desenvolvimento do Paraná (IDR-PR), deu as boas-vindas aos presentes, parabenizando pelo trabalho e reforçando que a ação merece um grande envolvimento para que seja exitosa.
“Com nosso poder, nossa capacidade e nossa inteligência, temos que fazer escolhas que preservem toda essa casa que dividimos. Então, esse momento é muito importante, porque percebemos que há uma conjugação de ações de diversas entidades e várias pessoas para evitar um problema tão penoso para o nosso ambiente como é um incêndio florestal. Todo o corpo técnico do IDR está extremamente comprometido com todas as ações para que tenhamos sucesso nessa campanha, seja na divulgação, na informação, na formação, na prevenção ou no combate”, assegurou.
O deputado estadual Artagão Junior, presidente do Bloco Temático da Madeira da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), elogiou o trabalho e a união de esforços para um bem comum.
“Quero enaltecer, em nome do Bloco da Madeira, a iniciativa da campanha, que é composta por tantas pessoas, tantas entidades, tantos órgãos governamentais. Assim, fica muito mais fácil, vamos muito mais longe e os resultados ficam mais assertivos e mais palpáveis. Reforço a importância do debate. Um evento como esse é importante para demonstrar como podemos ir mais, fazer mais, alcançarmos mais se estivermos juntos”, ressaltou.
Por fim, a capitã Luisiana Guimarães Cavalca, da Comunicação Social do Corpo de Bombeiros, apontou que esse assunto é mundial e tem afetado diversos países e que, por isso, campanhas informativas são essenciais.
“Por três anos consecutivos, foram mais de 10 mil ocorrências anuais de incêndio florestal até 2021. Se 90% dos incêndios são causados pela ação humana e metade deles são propositais, essas campanhas de prevenção, conscientização e combate são primordiais para preservarmos o meio ambiente. Parabenizo a APRE por ter lançado a ideia e todas as instituições que apoiaram a proposta. Isso certamente vai fazer toda a diferença. Esperamos que seja um ano com menos áreas queimadas e que tenhamos um combate efetivo”, completou.
O que fazer
Ao avistar um foco de incêndio, afaste-se imediatamente, procure um lugar seguro e ligue para o Corpo de Bombeiros, no número 193. Avise também os vizinhos e as pessoas ao redor do foco. A orientação é a de nunca tentar combater o fogo sozinho, pois a prática requer treinamento profissional e equipamentos de segurança corretos.
Crime
Descartar lixo em vias, queimar resíduos em casa, usar fogo para limpar terrenos e trilhas, acender fogueiras perto das árvores e soltar balões são algumas das ações que podem causar incêndios. Provocar uma ocorrência, mesmo que “sem querer”, é crime. As penalidades incluem reclusão de dois a quatro anos e multas de até 50 milhões.
Mascote
Neste ano, a campanha tem uma mascote: a abelha nativa. De acordo com Amauri Ferreira, gerente de políticas públicas do IDR-Paraná, a escolha das abelhas se deu por serem os primeiros animais afetados quando ocorre um incêndio. “Com destruição de seu lar e de seu habitat as abelhas são as mais afetadas quando há fogo. Além disso, elas servem como bom indicador de sustentabilidade. Qualquer problema no manejo, tanto do fogo quanto as lavouras – principalmente com os agroquímicos – são prejudiciais vida das abelhas”, afirma Amauri. Pensando nesta conscientização, foram instalados, em parceria com a Sedest (Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Paraná), dentro das ações do Programa Poliniza Paraná, três meliponários no jardim de entrada do IDR-Paraná.
Campanha
Já estão disponíveis para download os materiais gráficos e audiovisuais, que incluem folder, cartaz e banner, ímã de geladeira, boné, vídeo, spots para rádio e artes para redes sociais.
Para saber mais sobre o trabalho, acesse www.paranacontraincendioflorestal.com
A Campanha de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais 2023 é uma realização de Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE), Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI), Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Embrapa Florestas, Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná (Fupef), Instituto Água e Terra (IAT), Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Rede Nacional de Brigadas Voluntárias (RNBV), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (SEAB), Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Paraná (SEDEST), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-PR), Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) e Universidade Federal do Paraná (UFPR).