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Uma análise dos últimos 50 anos do setor florestal, por Marcelo Schmid

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Em 2021 o Grupo Index completa 50 anos. A história do Grupo teve início em 1971, com a concretização do sonho dos fundadores de sua empresa mais antiga, a Confal – Consultoria Florestal Brasileira, que hoje é a empresa de consultoria há mais tempo em atuação no Brasil.

Durante esses 50 anos o trabalho do Grupo foi crescendo à medida em que o setor empresarial como um todo e, mais especificamente, o setor de base florestal, passaram por profundas transformações. As mudanças ocorridas guiaram os rumos do Grupo. Novas empresas foram criadas, novos serviços foram incorporados ao portfólio, novos recursos materiais e humanos foram se incorporando, transformando a forma de se fazer consultoria para enfim chegar naquilo que hoje é o Grupo Index, um grupo de sucesso.

Quais foram as principais mudanças ocorridas nestes 50 anos e que serão determinantes para definir o futuro dos negócios no setor florestal brasileiro nos próximos 50 anos? O Grupo Index relaciona aqui três pontos que merecem destaque:

1. Meio ambiente
A questão ambiental sofreu uma mudança profunda entre a década de 70 e a atual. No início das atividades da Confal, sobre a égide do Código Florestal de 1965 (Lei 4.771/65), a sociedade global ainda mantinha uma visão bastante utilitarista sobre o meio ambiente, visto apenas como uma “fonte de suprimentos inesgotável”.

A mudança da visão da sociedade sobre a importância da conservação do meio ambiente foi alavancada por um processo de discussão internacional, liderado pelas conferências da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o meio ambiente, e se consolidou em nossa legislação na Lei 6.938 de 1981, a Política Nacional do Meio Ambiente.

A preocupação com as questões ambientais e seu efeito no mercado consumidor levou o setor florestal a criar um mecanismo paralegal de demonstração de boas práticas socioambientais, a certificação florestal, criada com o advento do Forest Stewardship Council (FSC), em 1994. Poucos anos mais tarde o Brasil criaria o seu próprio sistema de certificação florestal, o Programa Brasileiro de Certificação Florestal (CERFLOR), cujo desenvolvimento foi coordenado por um dos diretores do Grupo Index.

Já mais recentemente, no novo milênio, a sociedade brasileira percebeu que a legislação ambiental havia se tornado excessivamente detalhista e preservacionista, dificultando o seu enforcement e levando diplomas legais a se tornarem letras mortas. Assim, em 2012, após amplo processo de discussão, uma nova versão do Código Florestal foi publicada, a Lei 12.651/12.

Embora o novo código florestal tenha injetado em nossa legislação o equilíbrio entre a proteção ao meio ambiente e o necessário desenvolvimento econômico, consagrando desta forma o que se entende por desenvolvimento sustentável, percebe-se que ainda estamos longe de implementá-lo em sua plenitude, fazendo uso de alguns modernos instrumentos de gestão ambiental por ele introduzidos, como por exemplo o pagamento por serviços ambientais e pela compensação ambiental.

2. Produção
O uso da matéria-prima florestal durante a década de 70 era baseado no processamento mecânico da madeira, processamento de baixa tecnologia, caracterizado pelos processos de serraria e laminação das toras. Da mesma forma, a falta de desenvolvimento genético para produção de árvores de melhores características físico-mecânicas, comprometia um melhor aproveitamento das áreas destinadas à produção.

Com o advento do processamento químico da madeira, a partir da década de 80 e, com mais força, da década de 90, o setor ganhou um novo impulso. Grandes fábricas de celulose, passaram a demandar grandes quantidades de matéria-prima, levando à evolução da produção em todas as etapas de sua cadeia produtiva:
O investimento realizado pelas empresas no melhoramento genético das árvores, gerou ganho de produtividade, qualidade e resistência.

A evolução da mecanização e aprimoramento tecnológico da colheita e transporte, permitiram melhores aproveitamentos e ganho de produtividade no campo. A introdução de novas tecnologias de processamento da madeira, permitiram ao setor ampliar os produtos e mercados de atuação.

Atualmente, embora a celulose seja o grande driver da produção florestal brasileira, temos um mercado nacional diversificado, com produção de diferentes tipos de papel, painéis de madeira, serrados engenheirados, energia, produtos químicos, etanol celulósico, fibras de viscose e muitos outros. Porém, o ritmo de evolução da indústria florestal 4.0 permitirá que novos produtos sejam produzidos, diversificando ainda mais o setor de base florestal.

3. Gestão e base florestal
A área de florestas plantadas no Brasil aumentou durante a década de 70 como resultado do incentivo do governo federal ao reflorestamento, incentivo esse que durou até meados da década de 80.

As grandes empresas florestais adotaram a verticalização como estratégia para ampliação da base de suprimentos, crentes de que seria mais seguro manter uma base florestal própria. Paralelamente, alguns produtores familiares pequenos e médios, cultivaram florestas para abastecimento de negócios próprios ou apostando em uma abertura futura de mercado que trouxesse demanda para sua madeira.

A partir da década de 90 as grandes empresas de base florestal passaram a estudar alternativas para reduzir o impacto financeiro e social da concentração de terras, desenvolvendo parcerias e programas de fomento para incentivar pequenos e médios produtores a plantarem em suas áreas. Mais recentemente uma nova alternativa passou a ser adotada pelas grandes empresas e modificou profundamente a forma de gestão de florestas no Brasil: a desverticalização de grandes áreas florestais e venda para Timber Management Organizations (TIMOs), empresas focadas na gestão de investimentos florestais e produção de florestas de qualidade.

As alternativas para reduzir a concentração de terras não foram frutíferas. Os programas de fomento florestal criados na década de 90 não foram capazes de resolver um problema que perdura ao longo dos anos: a inserção do pequeno e médio produtor na cadeia produtiva florestal. A venda de ativos para TIMOs tão pouco, uma vez que esbarrou em questões legais e políticas que dificilmente serão vencidas em curto prazo.

Os três tópicos abordados acima certamente não são os únicos pontos de mudança, mas foram essenciais para direcionar a atuação do Grupo Index. Graças a eles, o Grupo ampliou sua atuação para muito além da consultoria florestal, desenvolvendo trabalhos de gestão de recursos, investimento, meio ambiente, sustentabilidade e muito mais. Nesses 50 anos o Grupo desenvolveu milhares de projetos em todos os estados brasileiros e no exterior e participou ativamente na assessoria de bilhões em investimentos no setor.
Hoje, a diretoria do Grupo Index trabalha fortemente para antever o que ocorrerá no futuro e assim planejar a segunda metade dos seus 100 anos de história, história essa que se confunde com a própria evolução do setor florestal brasileiro.

O QUE SERÁ QUE MUDARÁ NOS PRÓXIMOS 50 ANOS DE HISTÓRIA DO SETOR FLORESTAL?

Foto: Paulo Cardoso