O 5º Simpósio Madeira e Construção, promovido pela Associação Paranaense das Empresas de Base Florestal (Apre) em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), levou aos participantes a possibilidade de “Olhar para o Futuro”. Este foi justamente o nome de um dos painéis montados no evento, realizado no dia 19 de agosto em Curitiba (PR).
A analista de tendências Babi Satinsack mostrou como serão os espaços de morar e trabalhar, a partir das macrotendências em que todas as pessoas estão inseridas: coletividade, velocidade e sustentabilidade. “As tendências são conclusões do cenário atual e somente vão durar se forem baseadas na verdade”, afirmou. De acordo com ela, é essencial “dar um passo para trás” e ver a tendência macro para trabalhar dentro disto, e não apenas “surfando na onda”.
A especialista mostrou aos participantes as diferenças entre moda e tendência, fazendo a relação disso com o modo de consumir, inclusive na construção e na habitação. “Quem determina as tendências dos espações de habitação são as pessoas que nela vivem”, declarou Babi, deixando esta frase como uma reflexão para quem participou do 5º Simpósio Madeira e Construção.
A sustentabilidade é uma das macrotendências atuais e o engenheiro ambiental Julio Bernardo da Silva Junior mostrou as suas várias facetas em sua palestra “Sustentabilidade: uma rede de interesses”, dentro do Painel Olhar para o Futuro. Ele mostrou as visões de teóricos de várias correntes; de governos e empresários; e de cientistas sobre a sustentabilidade.
Silva Junior ainda comentou sobre o conceito da casa sustentável, que deve ser pensada como um todo, e não apenas no material que será usado em sua construção. A habitação baseada na sustentabilidade está conectada com a energia limpa e a gestão dos resíduos, por exemplo.
O engenheiro José Daniel Sato falou sobre o papel da edificação em madeira no contexto atual e salientou que esta já não é mais uma tendência, e sim uma realidade. Ele lembrou que a madeira já foi largamente usada nas construções e foi abandonada depois que apareceram outras tecnologias construtivas. “Surgiu, especialmente na habitação, a necessidade de rever os conceitos e veio a madeira. Esta é uma matéria-prima fantástica e amplamente disponível”, opina.
Sato acredita que, no passado, a madeira tenha sido abandonada pela falta de informação por parte da população. “Ainda faltam questões técnicas, conhecimento, um resgate cultural, equipamentos e envolver os jovens nisto. Não tenho nada contra os outros tipos de materiais, mas por que não a madeira? Existem rapidez e qualidade”, garante.
Por isso, o engenheiro quis estimular os participantes do simpósio – muitos deles estudantes, para que comecem a prestar atenção efetivamente na madeira. Os novos profissionais, de acordo com ele, vão ajudar no desenvolvimento desta cadeia. “Os Estados Unidos, a Europa e o Canadá estão construindo em madeira com ótimos resultados. Por que essa diferença para cá? Nós temos capacidade de fazer por aqui de maneira excepcional. Se não mudarmos a forma de agir, não vai funcionar. É necessário alavancar todo este sistema. Ao mesmo tempo, já não temos volta. A construção em madeira é irreversível. E tem um detalhe: sendo feito o manejo de forma correta, não vai faltar madeira nunca”, avaliou.
O Simpósio conta com o apoio institucional da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), Associação Catarinense de Empresas Florestais (ACR), Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Conselho Regional de Arquitetura do Paraná (CREA-PR), Embrapa Florestas, Faculdade Estácio, Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná, Grupo Interdisciplinar de Estudos da Madeira da UFSC, Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), Universidade federal de Santa Catarina (UFSC), Unicentro e Unila.
Fonte: Joyce Carvalho para o Portal Madeira e Construção