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 Taxação dos EUA sobre produtos brasileiros impacta setor florestal e acende alerta na cadeia produtiva

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A imposição de tarifas de até 50% por parte dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros pegou de surpresa o setor florestal e provocou forte reação entre representantes da cadeia produtiva. Fabio Brun, presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas), avalia a medida como negativa e tomada em um momento inoportuno.

“O que torna essa decisão ainda mais complicada é o fator surpresa. Não se esperava que isso fosse anunciado agora, principalmente após uma tarifa semelhante já ter sido aplicada desde o dia 1º de abril”, afirmou Brun. Segundo ele, esse segundo movimento tarifário agrava ainda mais o cenário para a indústria nacional de base florestal, que já vinha lidando com custos elevados e desafios logísticos.

Decisão mais política do que econômica

De acordo com o governo dos Estados Unidos, a nova taxação foi justificada por um suposto desequilíbrio na relação comercial com o Brasil. No entanto, para o presidente da APRE, esse argumento não se sustenta. “Na verdade, o Brasil é deficitário na relação com os Estados Unidos. Então, é difícil encontrar base econômica concreta para justificar essa medida”, apontou.

Brun considera que a decisão tem uma motivação mais política do que comercial ou técnica, o que dificulta o diálogo econômico direto. “A composição para reverter essa situação terá que ser política e diplomática”, avaliou.

Corrida contra o tempo

A expectativa agora é de que o Brasil se mobilize nos próximos dias para negociar com os EUA e tentar amenizar os impactos. Segundo Brun, há uma janela de 23 dias para buscar uma solução diplomática que possa evitar ou ao menos suavizar a aplicação da tarifa. “É onde o Brasil vai ter que colocar as fichas agora”, declarou.

Nesse curto prazo, ele defende que a indústria também comece a trabalhar com planos alternativos, caso não haja avanço nas negociações. “Se essa decisão for mantida, o setor vai precisar buscar rapidamente alternativas para reduzir o impacto negativo”, alerta.

Cadeia produtiva sob pressão

A medida afeta diretamente empresas que exportam madeira processada, painéis, papel e celulose para o mercado norte-americano, produtos de alto valor agregado e que têm os Estados Unidos como um dos principais destinos.

O Paraná é um dos maiores exportadores de madeira para os Estados Unidos, especialmente de compensado, madeira serrada e molduras de pinus, fundamentais para a construção civil norte-americana. Dados da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) apontam que aproximadamente 40% dessa madeira provém do estado.

Em 2025, os estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) exportaram juntos US$ 1,37 bilhão em produtos de madeira para os EUA, representando 86,5% do total exportado pelo Brasil nesse setor.

A alta nas tarifas compromete a competitividade dos exportadores brasileiros, que agora precisarão rever estratégias, redirecionar mercados e avaliar custos internos. Com um setor que movimenta bilhões de reais por ano e gera milhares de empregos diretos e indiretos, a nova política comercial dos EUA representa um obstáculo significativo à estabilidade e ao crescimento das empresas florestais no Brasil.Com pouco tempo para reagir, o Brasil corre contra o relógio para conter os efeitos da taxação. A articulação política será determinante para preservar a posição dos produtos florestais brasileiros no mercado internacional e evitar perdas em uma cadeia que tem papel estratégico na economia nacional.