CBN Curitiba, quinta-feira, 03/04/2025
A nova política comercial anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode trazer impactos para a economia do Paraná, especialmente para a indústria florestal. O “tarifaço” global imposto pelo governo norte-americano estabelece uma taxa de pelo menos 10% sobre produtos brasileiros, o que acendeu um alerta entre os setores produtivos do estado.
A Associação Paranaense de Empresas da Base Florestal (APRE) afirmou que ainda estuda os desdobramentos da medida, mas já analisa riscos de perda de mercado e aumento nos custos de produção. O presidente da APRE, Fábio Brun, afirma que a preocupação central está no encarecimento dos produtos brasileiros, tornando-os menos competitivos no mercado americano.Tocador de áudio
Ouça – áudio presidente da APRE – Fábio Brun
O Paraná é um dos maiores exportadores de madeira para os Estados Unidos, especialmente de compensado, madeira serrada e molduras de pinus, fundamentais para a construção civil norte-americana. Dados da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) apontam que aproximadamente 40% dessa madeira provém do estado. No ano passado, os estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) exportaram juntos US$ 1,37 bilhão em produtos de madeira para os EUA, representando 86,5% do total exportado pelo Brasil nesse setor, segundo informações da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham).
A Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) também estuda os impactos da medida. De acordo com Robson Mafioletti, superintendente da Ocepar, embora a madeira e a celulose sejam itens relevantes nas exportações do Paraná para os Estados Unidos, outros setores como café, ferro e aço também podem ser afetados. Tocador de áudio.
Já a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) considera que, apesar da imprevisibilidade do cenário, o Brasil pode encontrar oportunidades em meio à guerra comercial instaurada. Anderson Sartorelli, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP, afirma que, caso os Estados Unidos tenham sua relação com outros países estremecida, o Brasil pode abrir novos mercados para commodities agrícolas.Tocador de áudio
A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) informou que aguarda a publicação oficial dos decretos e seus detalhamentos para se aprofundar na análise dos impactos que as novas taxações sobre importações de produtos brasileiros, confirmadas pelo governo dos Estados Unidos nesta quarta-feira (2 de abril), podem causar à indústria paranaense.
A Fiep disse ainda que intensifica as articulações que já vem fazendo junto a diferentes órgãos do governo federal e associações nacionais para que sejam ampliadas as negociações com a administração norte-americana. Uma das principais preocupações está relacionada ao setor da madeira do estado, que tem os EUA como principal destino de suas exportações.
Por: Grasiani Jacomini