O último dia de debates no 5º Workshop Apre/Embrapa Florestas, que aconteceu entre 05 e 06 de julho, discutiu sistemas de gestão florestal. O primeiro palestrante foi Edilson Batista de Oliveira, pesquisador da Embrapa Florestas, que falou sobre o “SisPinus Plus: simulações em larga escala para manejo florestal de precisão.
Segundo Oliveira, os softwares desenvolvidos pela Embrapa Florestas são bastante populares e têm uma série de aplicações, como avaliação técnica e econômica, certificação, carbono, ILPF, inventário florestal, manejo integrado de pragas, manejo florestal sustentável e planejamento florestal. Também servem para simular, por exemplo, crescimento e produção anual sem desbaste e com desbastes.
“Antes, não se sabia o que poderíamos ter de resposta com um determinado tipo de manejo. Mas, agora, o programa dá o sortimento da madeira com base em tudo o que é colhido. Coloca-se dados do inventário e manejo e o programa gera diversas tabelas, entre elas a de sortimento, por classe de diâmetro”, explicou.
Dentro do software, as empresas encontram diversos itens: manual, analise econômica, sistema de produção, produção e renda, equações para sortimento, vídeo e explicações sobre os softwares. Uma ferramenta muito poderosa, de acordo com o pesquisador, são os diagramas de manejo por densidade, que teve a contribuição de uma turma da Universidade de Santa Maria.
“Ele foi colocado de uma maneira muito simples dentro de um gráfico que o software gera. Com isso, tem-se uma faixa que mostra o máximo que é recomendável para ter um povoamento para fazer desbaste e também o mínimo, isso em função de buscar um manejo priorizando a produção de toras pra finalidade industrial ou serraria. Se a condução do povoamento ficar entre 65% como máxima e 30% como mínima, a área basal produz árvores com características dominantes”, destacou.
Hoje, a Embrapa mantém uma média de 200 a 300 downloads por mês. Por fim, Oliveira afirmou que esses detalhes gerados pelo programa são importantes para que se consiga novos investimento.
Rebato Lima, da Valor Florestal, também foi um dos palestrantes da manhã, abordando o tema “Ganhos econômicos do ativo florestal: estratégias com a utilização de tecnologia de manejo de precisão”. Para dar início à discussão, Lima afirmou que o inventário é visto em algumas empresas “como um recurso relativamente alto que não pode ser mostrado para o investidor” e, assim, “muitas vezes acaba não tendo o devido valor na empresa”. Por isso, ele comentou que trabalha para mostrar a importância do inventário e ressaltou mais uma vez que “sem saneamento básico e sem inventario, certamente as empresas terão problemas”. “Precisamos ter um planejamento de longo prazo que possamos confiar. Nossa atenção está dirigida para os primeiros anos. Mas o futuro também é muito importante”, declarou.
No caso da Valor Florestal, segundo o palestrante, os investidores solicitam avaliação anual para monitorar o valor do ativo. Por isso, cada uma das empresas precisa ter o fluxo de madeira e, consequentemente, o fluxo de caixa. Para Lima, a segurança da empresa nesse fluxo é bastante alta, justamente pelo inventário florestal bem feito, além dos cenários de manejo, tabelas de produção atuais e os procedimentos que são utilizados para encontrar os valores.
“No longo prazo, para termos um gráfico com nível de segurança que nos satisfaça e satisfaça o investidor, e apresente resultados dentro de uma lógica de mercado, precisamos ter bem resolvido o inventário florestal, que é a base do planejamento de longo prazo. É a partir dele que as projeções acontecem. Também precisamos de cenários de manejo, das respostas dos otimizadores e das tabelas de produção. Tudo isso vai refletir na otimização”, reforçou.
Na opinião do palestrante, o SisPinus, software apresentado pelo pesquisador da Embrapa, é uma alternativa segura para geração de tabelas de produção, sobretudo de estratos de Pinus taeda. De acordo com Lima, o sistema otimiza os resultados e permite configurar determinados padrões de crescimento conforme o perfil da floresta em análise. Mas, para finalizar a palestra, ele fez um alerta:
“O software não trabalha sozinho. É preciso estudar os dados. As empresas e profissionais reconhecem pouco a ferramenta e o sistema é pouco divulgado. Em outros países, os simuladores são bastante reconhecidos e os profissionais têm uma confiança muito grande. Nós temos uma ferramenta à disposição e não reconhecemos como deveríamos. As empresas precisam participar mais”, completou.
Modelos de planejamento estratégico
Ainda na parte da manhã, o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Julio Arce trabalhou o tema “Modelos de planejamento estratégico com restrições operacionais e espaciais”. A primeira afirmação do palestrante foi que as empresas florestais precisam traçar planos, avaliar as consequências físicas e financeiras e fazer o possível para aplicar o melhor plano, levando em conta as condições atuais. “Todos os fatores de produção são variáveis. Disciplina também vale para todo o planejamento. Entre 85 e 90% do que é planejado consegue ser efetivamente levado à prática. Toda a cadeia produtiva deve ser simulada, da forma mais precisa possível: viveiro, preparo para plantio, plantio, podas se houver, desbaste se houver, corte raso, transporte”, indicou.
De acordo com o professor da UFPR, o planejamento deve trazer algumas definições das florestas, decisões estratégicas, indústria etc. e também algumas respostas, como quando, quanto e onde plantar, desbastar e colher. Outra dica de Arce é definir claramente os objetivos e as restrições. Segundo o palestrante, muitas empresas já estão bastante envolvidas no planejamento estratégico.
“É a partir dele que surgem as informações estratégicas, como tarefas, volumes e caixa, além de indicadores de performance físicos e financeiros. É possível, eventualmente, por exemplo, simular ou solicitar aumentos de produção. Depois, passamos do estratégico para o tático e operacional, chegando a algumas ferramentas importantes, como mapas, dispersão, blocos, acesso e estradas. No planejamento tático, de médio prazo (2 a 5 anos), define-se calendarização, áreas de colheita e blocos x talhões. No planejamento operacional, de curto prazo, de 1 a 12-18 meses, projeta-se espacialização, módulos de colheita e estradas”, explicou.
No fim da palestra, Julio Arce mostrou alguns exemplo aos presentes, detalhando ainda mais as etapas de cada planejamento.
Fonte: Assessoria de imprensa Apre