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Setor florestal paranaense atua preventivamente para evitar incêndios florestais

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O Estado vem enfrentando, desde março, uma das piores crises hídricas da história, com baixa incidência de chuvas. De acordo com o Monitor de Secas, criado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e do qual o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) e o Instituto Água e Terra (IAT) fazem parte, o Paraná apresenta a situação mais preocupante dentre os 19 Estados monitorados. A situação crítica acende o sinal de alerta para o setor florestal, pois o clima mais seco aumenta o risco de incêndios. Além disso, cientistas já apontam que, neste ano, os incêndios florestais em todo o mundo são “os maiores em escala e emissões estimadas” dos últimos quase 20 anos. Portanto, segundo a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), o cenário exige ainda mais ações de prevenção e combate.

No Paraná, de acordo com o engenheiro florestal e presidente da entidade, Álvaro Scheffer Junior, as empresas do setor florestal se antecipam ao problema para prevenir e combater. Segundo ele, se o incêndio chega a uma área de reflorestamento, o fogo se espalha rapidamente, pela quantidade de material seco existente na floresta. Sendo assim, é muito importante haver um trabalho de controle para garantir a segurança das plantações e da comunidade no entorno, bem como evitar perdas significativas.

“Aqui, temos um clima muito bem definido, o que ajuda nos cuidados. Esse ano foi atípico, com pouca chuva, mas, ao longo dos anos, as empresas já fazem manejo com fogo e limpeza de divisas, prevendo uma possível ocorrência durante ou após o inverno, períodos em que trabalhamos com geada e dessecação do mato. Isso quer dizer que a prevenção de incêndios já faz parte do calendário das empresas”, destaca.

Conforme Scheffer Junior detalha, a ocorrência de incêndios em florestas paranaenses é baixa, e esse mérito ele atribui às ações das companhias, que realizam monitoramento com torres de incêndio e equipe de campo, além de treinamentos para garantir também a segurança dos funcionários. De acordo com um levantamento realizado pela Apre, todas as associadas contam com programa de prevenção e combate a incêndios, que inclui torres de incêndio, pessoas treinadas, brigadistas, veículos e caminhões, bem como centenas de equipamentos, como pinga-fogo, bombas costais, abafadores, enxadas, cantis, lanternas, rastelos, machados, facões, motosserra, skidder, pás, chibancas, motoniveladoras, retroescavadeiras, tanques, suporte de veículos com reservatório de água e drones. Tudo isso garante uma ação rápida e mais segurança às pessoas envolvidas e às áreas florestais.

Na avaliação do presidente da Apre, além de estar bem preparado, a principal vantagem do setor é a boa interação com a comunidade do entorno. “As associadas à Apre têm um canal de comunicação muito importante com a comunidade, e a maior parte dos avisos de incêndios não são feitos pelos funcionários, mas pela própria população. Isso é ótimo, pois o setor é visto como um segmento que preserva, que cuida, que atende e que ajuda tanto a comunidade, como o meio ambiente”, reforça.

Outro ponto importante citado pelo engenheiro florestal é a rede de contatos e a ajuda entre as diversas empresas do Estado. A Apre atualiza, anualmente, as informações dos contatos dos responsáveis pelo controle, combate e prevenção de incêndios florestais das companhias associadas, gerando, assim, um mapa, que é compartilhado entre as empresas. Ele reforça que essa interação é muito positiva, já que uma sempre coopera com a outra.

Mas além do trabalho “de casa”, o presidente da Associação destaca que as empresas florestais colaboram também em áreas públicas, como parques nacionais e áreas de preservação. Um exemplo é o Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa. Por concentrar uma área nativa, há a necessidade de se realizar o manejo com fogo para se renovar a vegetação. O governo do Estado coordena o trabalho, mas convida as empresas do setor para controlar a ação do início ao fim, justamente pelo conhecimento que têm com as brigadas de incêndio e a mão de obra especializada.

Experiência

De acordo com Camila Zanon, analista de Segurança do Trabalho da Berneck, as empresas contam com plano de emergência para o período de risco, aquele com menos chuvas, mas o monitoramento acontece o ano inteiro, pois há o perigo de o vizinho da área ou o confrontante realizarem algum tipo de queimada, o que pode causar incêndio, até por conta do vento.

Na Berneck, como as áreas têm muitos vizinhos e confrontantes, a companhia busca ter contato direto com os envolvidos como forma de prevenção. Anualmente, a empresa realiza um calendário de ações e atualiza seus principais telefones para distribuir na comunidade do entorno. A portaria também é treinada para saber o que fazer se receber algum relato de incêndio. Segundo Camila, o foco da empresa é atuar preventivamente.

“Mantemos contato com vizinhos, treinamos colaboradores, destacamos os riscos, explicamos o que fazer em caso de incêndio. Também fazemos ronda de vigilância e preparamos aceiros (espaço de isolamento entre vegetações que evita a passagem do fogo). Além disso, cada área florestal tem um kit. De dois em dois meses, fazemos um checklist e testamos os equipamentos, para não termos surpresas quando precisarmos. Todos os envolvidos são treinados, tanto na teoria, quanto na prática. Nosso objetivo é abrir esse treinamento também para a comunidade. Com esse trabalho de prevenção, que envolve empresa, população e bombeiros, conseguimos evitar os incêndios ou agir logo no começo, evitando que o fogo se alastre”, completa.