Sala de Imprensa

Revista Referência Florestal publica entrevista exclusiva com novo presidente da Apre

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram

A edição de março da revista Referência Florestal, publicação mensal destinada a usuários de produtos florestais para as mais diversas áreas, traz uma entrevista completa com o novo presidente da Apre, Zaid Ahmad Nasser. Na publicação, Nasser fala sobre sua trajetória e experiências no setor florestal, os principais desafios para os próximos dois anos, a atuação da Associação como entidade representativa e em comunicação com a sociedade, planos para a gestão à frente da Apre e uma visão do mercado no geral.

Confira abaixo a entrevista na íntegra:

Nova LIDERANÇA

A APRE (Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal) é uma das mais tradicionais do país, atuando há mais de 50 anos para o fortalecimento das empresas florestais do Estado. No biênio 2022-23 quem assume a presidência da associação é Zaid Ahmad Nasser, empresário com 15 anos de experiência no mercado florestal que comenta os desafios e metas para a sua gestão.

FORMAÇÃO

Zaid é formado pela UFPR (Universidade Federal do Paraná); pós-graduado em Engenharia e Segurança do Trabalho e Engenharia de Logística; e possui MBA em Gestão Estratégica de Empresas pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).

>> Como foi a sua caminhada até a presidência da associação?

Venho atuando como diretor da The Forest Company e isso fez com que eu conquistasse mais espaço para discussões relacionadas ao mercado florestal. Desde 2018 atuei de maneira mais efetiva e presencial dentro das reuniões da APRE. Esse empenho focado na melhoria da comunicação e nas discussões para desenvolvimento do setor abriu as portas para esse novo desafio. Por isso os associados me confiaram a oportunidade de assumir a presidência da APRE. Para mim foi, sem dúvida nenhuma, uma surpresa e é também uma responsabilidade representar uma associação que tem mais de cinquenta anos de atuação dentro do nosso setor, representa quarenta e cinco empresas e busca sempre melhorar resultados.

>> Quais os maiores desafios para o próximo biênio?

Além de grandes, são muitos os desafios. Principalmente relacionados às questões mais impactantes para o nosso setor. Posso citar algumas delas, como as questões relacionadas a autorizações, de licenças, a parte tributária, onde, por exemplo, temos hoje uma demanda urgente relacionada ao ITR (Imposto Territorial Rural) que vem impactando muito as empresas florestais. Vejo também que precisamos continuar a melhorar o relacionamento entre os associados, como já era feito na gestão anterior, pelo ex-presidente Álvaro Scheffer. E, principalmente, mostrar pra comunidade não florestal o quão impactada ela é pelo nosso setor no seu dia a dia. É preciso que a comunidade consiga ver o impacto diário que o setor oferece.

>> Sua experiência em gestão é um trunfo na administração da associação?

Sem dúvida. Justamente esse formato de gestão, que venho atuando no últimos anos, para que eu criasse esse contato com outras empresas, abrisse oportunidades de discussões e intermediação de dúvidas e demandas entre diversas empresas ligadas ao nosso setor. Isso vai agregar muito na gestão e na administração da associação. Temos hoje um corpo técnico extremamente compete e sempre trabalhamos em conjunto, sempre discutimos assuntos relacionados ao setor de forma constante.

>> O que a APRE tem feito para melhorar a comunicação da associação sobre o setor florestal?

Se olharmos nos últimos 10 anos como a comunicação era feita, não somente dentro da nossa associação, mas um mercado como um todo, era totalmente diferente do que nós estamos vivendo hoje. Para esse próximo biênio nós vamos continuar e aumentar a comunicação por redes sociais, para atingir um público que fure a nossa bolha. É necessário que o público geral conheça nosso trabalho, para que eles entendam o que e como fazemos. Todos precisam saber da importância do setor florestal para a sociedade.

>> Quais são os planos para ampliar o número de associados?

Nos últimos anos vem crescendo o número de associado e hoje totalizamos quarenta e cinco empresas no guarda-chuva da APRE. E o mais importante, associados participativos. Em uma reunião recente tivemos presença de mais de 80% dos nossos associados. Buscamos agregar e solucionar demandas que podem ser comuns e muitas vezes não conseguem ser sanadas dentro de um de nossos associados, mas com o trabalho conjunto encontramos a solução. Reforço que isso já era feito na gestão anterior e manteremos esforços para melhorar ainda mais essa interação. Acredito que esse próximo biênio será um período forte para novas associações, que fortalecerão ainda mais o setor. Além do que já disse, para os associados, a APRE é uma porta de oportunidades para resolução de dúvidas e novos negócios. Temos parcerias com instituições como a EMBRAPA Florestas (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) para o desenvolvimento de pesquisas e trabalhos acadêmicos que potencializam o trabalho do nosso setor. A APRE agiliza processos e busca sempre mostrar para seus associados quais os melhores caminhos para seguir e que decisões tomar baseado no trabalho sério que colabore com todos.

>> Como sua gestão irá trabalhar em relação a investimentos na área de ciência e tecnologia?

Acredito que ciência e tecnologia são importantes para a sociedade como um todo e não é diferente para a APRE. As inovações tecnológicas abrem possibilidades de melhoria de resultados para os produtores, fortalecendo o setor. Por exemplo, junto com a ACR (Associação Catarinense de Empresas Florestal) e AGEFLOR (Associação Gaúcha de Empresas Florestais) a APRE participa com suporte financeiro do FUNCEMA (Fundo Nacional de Controle da Vespa-Madeira). Nesse programa temos treze instituições colaborando com o trabalho realizado. No PCMP (Programa Cooperativo de Melhoramento de Pínus), desenvolvido junto à EMBRAPA Florestas nós também temos participação, pois ele impacta praticamente todas as reflorestadoras do Estado. Além disso, mantemos contato com a universidade e contamos com um corpo docente excelente na UFPR (Universidade Federal do Paraná) quando o assunto é engenharia florestal.

>> Como a APRE fará pra expandir o manejo florestal no Paraná?

Esse é um assunto muito importante e precisa receber cada dia mais atenção. Quando falamos em floresta plantada, precisamos enxergar o todo que engloba a atividade. Por exemplo, para cada hectare de reflorestamento, temos quase sempre pelo menos um ou mais hectares de preservação sob a responsabilidade de nossos associados. Nesse sentido, que buscamos também apresentar como o trabalho de preservação faz bem para a comunidade próxima a nossa atividade. Uma operação florestal abre estradas, leva eletricidade, emprego e qualidade de vida para várias localidades que estariam quase isoladas sem o florestal. O que queremos é mostrar a possibilidade de gerar conforto ambiental e social para as comunidades, explorando de maneira saudável uma área que já é preservada e protegida. Podemos assim, levar os investimentos necessários de tecnologia e conhecimento para que a comunidade que já está nessas áreas possa usufruir dos bens da floresta.

>> A APRE trabalha com ênfase em relação ao código florestal e cumprimento da legislação. Como sua gestão irá abordar essas questões?

Continuaremos mantendo as discussões para melhoria de técnicas de plantio e exploração, para minimizar impactos relacionados à nossa atividade e encontrar um ponto de benefício mútuo para todas as partes. Precisamos discutir e trazer uma nova visão sobre a legislação florestal. O entendimento que há vinte ou trinta anos atrás fazia sentido é muito diferente do que vemos hoje. Precisamos mostrar o quanto o desenvolvimento de projetos florestais podem ser benéficos, econômicos e sociais para as comunidades próximas a esses projetos. A sociedade civil se beneficia conjuntamente ao nosso trabalho. Então esse olhar mais atual pra legislação, como é discutido por nossos pares dentro da associação precisa ser levado para fora da APRE, reforçando a importância da comunicação para quem não é do meio.

>> Qual sua visão em relação a exportação de madeira no Paraná?

Estamos em viés de crescimento e tem ainda mais espaço para crescer. Tivemos um grande aumento de demanda de alguns setores nos últimos dois anos e no mesmo período quem não cresceu, se estabilizou, demonstrando a força do setor. O Paraná é um dos Estados que possui a maior diversidade de produtos florestais do país, considerando toda a cadeia florestal como madeira serrada, painéis, celulose, papel, fármacos e afins. O setor florestal do Estado é um forte parceiro de outras grandes bases indústrias que precisam dos insumos que nós produzimos. Dentro deste panorama, queremos continuar como líderes de exportação de madeira serrada e trabalhar para expandir em outros produtos. O Paraná representa em torno de 16% do florestal do país e por isso nos esforçaremos para nos mantermos competitivos e vemos com bons olhos o futuro do setor, justamente pelos fortes investimentos que estamos fazendo para o aumento da cadeia produtiva florestal que gera estabilidade por um longo prazo. A crescente da indústria irá necessitar de produção de matéria-prima por mais dez, doze ou quinze anos e temos capacidade para atender essas demandas. Seja na madeira serrada ou no mercado de papel e celulose, faremos nossa parte para colaborar com a economia e a proteção do meio ambiente.

>> Quais os pontos mais importantes para o fortalecimento do setor de base florestal no Estado?

Existem alguns pontos chave que são importantes frisar. Novamente citando, é preciso ampliar a comunicação do setor madeireiro e florestal dentro da sociedade. Precisamos tirar esse peso que há sobre o setor de que reflorestadoras são empresas que atacam reservas legais ou coisas do gênero, pois essa não é a realidade. Demonstrar também o impacto que nosso setor tem no cotidiano, por exemplo com embalagens de papel que estão substituindo as de plástico. Mostrar também a importância do desembaraço de questões tributárias que desonerem a folha do nosso setor. Isso restringe a possibilidade de novos investimentos e ampliação de plantas produtivas. É importante sempre ressaltar que florestas plantadas são florestas criadas para fins comerciais que gerem benefício para toda a sociedade.

Clique na imagem para baixar a edição de Março 2022 da Revista Referência Florestal: