O 7º Workshop Apre/Embrapa Florestas teve início nesta terça-feira, 22 de setembro, com a palestra de Edson Tadeu Iede, especialista em Entomologia e ex-chefe-geral da Embrapa Florestas. O palestrante contextualizou o assunto, trazendo uma visão geral. Segundo Iede, existem algumas pragas ícones de espécies florestais no mundo, que despertaram no setor um grande risco, não só no aspecto técnico e econômico, mas também no ambiental e social. “Muitas inviabilizaram plantios florestais, que têm impacto na indústria e que, por conseguinte, refletem na falta de emprego, por exemplo. Há muitas coisas associadas às pragas florestais”, afirmou.
De acordo com o especialista, uma das principais pragas que teve papel importante no cenário mundial foi o besouro asiático, principalmente na América do Norte, mudando a forma de se realizar o controle, inclusive quarentenário, pois há o risco de essas pragas serem introduzidas em outros continentes. A origem foi na China e Coréia, mas a praga também acabou sendo introduzida no Canadá, nos Estados Unidos e em países da Europa, como Áustria, Alemanha, França, Itália e Inglaterra. O palestrante citou que o besouro asiático ataca tanto plantios florestais, como áreas urbanas, atingindo aproximadamente 47 espécies florestais.
“Além dos problemas importantes em termos econômicos, há impacto social e ambiental, pois em função dos ataques, sobram muito restos de madeiras, como galhos e árvores quebradas ou derrubadas. Somente em Nova Iorque e Chicago, locais onde a praga foi introduzida entre 1996 e 1998, o prejuízo foi de US$ 2,3 bilhões. Em Nova Jersey, em 2002, o impacto foi de R$ 72 bilhões. E ainda devemos levar em conta os impactos ambiental e social. Por conta do ataque às árvores utilizadas para arborização urbana, a retirada dessas árvores altera o microclima da área e o humor da população, pois cada árvore caída é realmente sentida pelas pessoas. Também houve redução no valor dos imóveis, na área verde de parques, erosão de solos, aumento do risco de fogo, por conta do acúmulo de lenha, entre outros”, destacou.
Ao destacar as principais pragas ao redor do mundo e a evolução delas ao longo dos anos, Iede salientou que a maioria teve um padrão de dispersão muito próximo. “São espécies que vêm se propagando em vários locais, chegando ao Brasil. Felizmente, a pesquisa tem andado junto com as empresas para elaborar controle dessas pragas”, avaliou.
Além disso, ele afirmou que é possível organizar os programas de controle dentro das empresas, mas reforçou que conhecimentos biológicos e de manejo florestal, de táticas de controle, são fundamentais. Iede também apontou que a interação entre a pesquisa – lado acadêmico e operacional – e as operações florestais nas empresas podem ajudar nas soluções.
Durante a apresentação, o especialista também destacou alguns fatores que facilitam o ataque das pragas florestais. Segundo ele, um dos mais significativos são as mudanças climáticas, que normalmente têm efeito direto nas plantas e indireto no agente nocivo, favorecendo-o. Outra hipótese é a do estresse da planta, já que pesquisadores entre 1970 e 1980 afirmaram que plantas sob condições de estresse tornam-se mais suscetíveis a insetos herbívoros.
Como solução, Iede apresentou o Manejo Integrado de Pragas (MIP), que consiste na seleção, integração e execução de métodos de monitoramento e controle de pragas utilizando como base princípios ecológicos, econômicos e sociológicos.
“Dessa forma, é possível prever quando o surto vai ocorrer e evitá-lo. Se o crescimento é notado, vale um trabalho para evitar que as perdas sejam potencializadas. O MIP requer um exame profundo das táticas de monitoramento e controle, para determinar estratégias mais adequadas a cada região. Trata-se de um programa flexível e dinâmico que utiliza táticas promissoras e vai adicionando novas tecnologias geradas pelas pesquisas”, observou.
Além disso, o ex-chefe-geral da Embrapa também falou sobre o controle químico, lembrando que, em muitos casos, essa é a única forma de segurar uma expansão de pragas. Ele citou, ainda, que a resistência de plantas é “uma ferramenta fantástica, mas nem sempre há material disponível para resistir a diferentes fatores”. Com relação às dificuldades do controle químico de pragas florestais, Iede pontuou grandes extensões, altura das árvores, relevo acidentado e custo das medidas, bem como a resistência e ressurgência de pragas secundárias. “Em outras palavras, elimina o inimigo natural, mas ressurge a praga sem inimigo natural. Ou seja, dessa forma, a empresa pode potencializar o problema. De qualquer forma, em alguns casos, o controle químico é fundamental”, avaliou.
Ainda nesse assunto, Iede falou sobre o MIP da vespa-da-madeira, reforçando que o programa é referência mundial. “O sucesso não é de uma empesa ou de uma universidade, mas, sim, de um grupo de empresas, com universidade e a Embrapa, todos envolvidos no processo para o controle da vespa. Por isso tornou-se referência”, garantiu.
Para finalizar, o palestrante abordou como as empresas devem se preparar, apostando em interação e sinergia. Para ele, as universidades e a Embrapa têm os especialistas, quem desenvolve as pesquisas, mas, dentro das empresas, existem profissionais com conhecimento prático que podem ajudar a estruturar os programas.
“O mais importante é todas as empresas se juntarem para financiar essas pesquisas. A geração do conhecimento e a criação dos programas precisam ser feitas com as inteligências que existem dentro da Embrapa, das universidades e das empresas. Assim, a pesquisa não fica apenas no aspecto acadêmico, mas vai a campo, discute, aprende como faz a operação e analisa quais recomendações são viáveis ou não. Por isso, a interação é fundamental, e é dessa forma que conseguimos avançar”, completou.
Fonte: Maureen Bertol (MTb 8330/PR) – Interact Comunicação