O falecimento do professor Renato César Gonçalves Robert, no dia 27 de julho, comoveu a todos que um dia conviveram com ele. A APRE Florestas lamenta profundamente o ocorrido e se despede com a certeza de que seu legado continuará vivo e marcará gerações.
Professor do Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal, vinculado ao Setor de Ciências Agrárias, em Curitiba, Robert era engenheiro florestal e doutor em Engenharia Florestal pela UFPR, com passagem, no mestrado e parte do doutorado, pela Albert-Ludwigs Universität Freiburg, da Alemanha.
Começou a lecionar na UFPR em 2008, e em março de 2013 ingressou na instituição de forma efetiva. Coordenava projetos de pesquisa nas áreas de logística e de operações florestais. Também atuava no Laboratório de Mecanização e Abastecimento Florestal (Lamec).
Colegas lembram de Robert como uma referência profissional e humana para todos que conviveram com ele.
“O Renato, sujeito intenso… ninguém ficava indiferente à sua presença. Um professor de altíssima coragem, atualmente um dos professores de maior iniciativa e pró-atividade do DETF (Departamento de Tecnologia Florestal), nunca teve preguiça de reunir os alunos, viajar em condições ruins, ausentar -se da família e trocar férias e feriados por expedições florestais. nunca economizou quilômetros ou valores monetários para proporcionar aos seus alunos experiências reais e transformadoras.
Defendia suas ideias e pontos de vista com emoção. Acreditava que a engenharia não se fazia em sala de aula. – O aluno precisa sair, conhecer o mundo, vivenciar situações longe dos espaços fechados da universidade.
Gostasse ou não dele, você não deixaria de notá-lo, fosse por
sua importância, por sua visão da engenharia florestal, ou por sua forma de ensinar.
Existem professores sem graça, sem tempero, sem sal e sem açúcar, sujeitos mornos por assim dizer…..
Mas não o Renato. Quem foi aluno dele ou conviveu com ele , sofreu uma marca, passou por uma transformação, porque o aprendizado pode ser um processo traumático, mas para os alunos do Renato, nunca foi sem graça, sem intensidade, sem paixão”.
O texto acima é do professor Rui André Maggi do Anjos, do Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal, em homenagem ao colega de departamento.
A equipe do Departamento também enviou um texto coletivo sobre o professor:
”É com profundo pesar e ao mesmo tempo com imensa gratidão que prestamos esta homenagem ao professor Renato Robert, uma figura única e marcante na história do nosso curso de Engenharia Florestal. Professor Renato foi, acima de tudo, um educador transformador. Dono de uma personalidade intensa, irreverente e cheia de propósito, ele marcou gerações de estudantes com seu jeito único: “a lenda”, como ele mesmo gostava de se chamar – e que, curiosamente, odiava aparecer em fotos. Apesar disso, os registros que recebemos após sua partida mostram o quanto ele era querido. Mais de cem fotos e diversos vídeos capturam sua presença viva nas aulas práticas e nas famosas expedições, tantas vezes realizadas com sacrifício pessoal, nas férias, nos feriados, nos momentos em que outros descansavam.
Sua maior aula talvez tenha sido fora da sala: a Expedição Brasil Norte-Sul, considerada a mais longa aula prática acadêmica do mundo, atravessando mais de 13.000 km e levando os alunos a vivenciarem culturas, biomas e realidades do país e da América Latina. Nessas jornadas – e em tantas outras à Alemanha, ao interior do Brasil, às comunidades ribeirinhas – o professor Renato fez do aprendizado uma experiência intensa, prática, profunda. Ele acreditava que a engenharia não se ensinava apenas entre quatro paredes: era preciso sair, sentir o mundo, conhecer outras realidades, ouvir outras vozes.
Como disse um colega, Renato era daqueles professores que não passavam despercebidos. Com sua autenticidade, seu humor afiado, seu jeito “turrão” e uma voz inconfundível, ele ensinava com paixão – e deixava marcas. Seu entusiasmo era tamanho que, como lembrou uma aluna, “ele botava vários alunos no carro, arrumava helicóptero com o IAT, dava aula e ainda encontrava tempo para momentos lúdicos”. Ele era, de fato, “fora da caixa”.
Colegas e alunos se referem a ele como um ser humano extraordinário, de coração enorme, um amigo leal e um profissional comprometido ao extremo. Muitas falas ressaltam sua coragem, sua dedicação, sua crença no potencial dos alunos, sua luta por uma educação que forma não só profissionais, mas seres humanos melhores. Incentivava com firmeza – especialmente as mulheres – a se destacarem em áreas tradicionalmente masculinas, e era conhecido por apoiar com afinco todos que demonstravam paixão por aprender.
Em sua trajetória, formou engenheiros, pesquisadores e líderes. Mais do que isso: formou gente. Gente que vai seguir espalhando pelo mundo o impacto do que viveu ao seu lado, nas trilhas de uma floresta, nas estradas de uma expedição, nas conversas sobre a vida e sobre o futuro.
O professor Renato Robert nos ensinou a importância de viver com propósito, de desafiar limites, de acreditar na transformação que o conhecimento pode provocar. Como disse uma aluna: “Apesar de sua partida precoce, ele olha para trás com orgulho de tudo que construiu e de todos que transformou. Vou tentar deixar o mundo melhor, como ele me deu exemplo”.
Hoje, a dor da despedida se mistura com a imensa gratidão de termos convivido com alguém tão singular. A saudade é grande, mas maior ainda é o legado que ele deixa. Descanse em paz, professor Renato. A lenda vive”.
Fonte: UFPR