Pesquisador recomenda planejamento para os plantios com destinação multi-uso
O segundo dia do 6º Workshop Embrapa Florestas/Apre começou com a palestra do consultor Claudio Obino sobre “Usos múltiplos dos Eucaliptos, seus produtos e mercados: uma cadeia de negócios”.
O palestrante conta que, há alguns anos, no Brasil, o grande desafio era desenvolver produtos sólidos com o eucalipto, que entrava praticamente como matéria-prima “escondida” do consumidor, até que se mostrou viável e hoje é uma realidade. O especialista se mostrou bastante otimista ao analisar a evolução da cadeia e usos da madeira de eucalipto, mas ressaltou a importância do cuidado com o plantio florestal: “Não adianta achar que é só ‘plantador de floresta’, tem que existir um trabalho integrado entre ‘plantador’, ‘manejador/gestor’, ‘colhedor’ e vendedor”.
Obino considera também que é necessário o produtor entender melhor o valor econômico das toras acima de 25 cm, consideradas produto nobre. “Há uma demanda muito boa e algumas serrarias já estão utilizando até a terceira tora, porque há interesse de empresas de embalagens e pallets”, explica. No entanto, o atendimento ao mercado também deve levar em consideração as necessidades do próprio produtor florestal, que vai definir a época de corte das toras. Às vezes, deixar o plantio completar 16, 17 anos não garante aumento do preço, mas ganho de volume. Mas, nem sempre o produtor pode esperar. Isso mostra a importância do planejamento para quem planta com o objetivo de multi-uso. “O fluxo de caixa de cada um é que vai determinar isso”, ressalta.
Enquanto as empresas normalmente optam pelo manejo único (celulose ou painéis ou carvão vegetal ou lenha), produtores florestais têm o caminho do manejo multi-usos: toras para serrarias, toretes para indústria de embalagens, postes para UPMs, e subprodutos como lenha. “Isso traz um delta de valor agregado a esse produtor”, ressalta. Alguns estudos feitos no Rio Grande do Sul mostram que a margem de contribuição do manejo multi-uso chega a 60%, enquanto da soja, por exemplo, na mesma região, chega a 33%.
Para que a atividade tenha sucesso, Obino ressalta a importância do manejo florestal: podas e desramas bem feitas e planejadas adequadamente são ponto fundamental para o sucesso do empreendimento. O treinamento das equipes de campo também é fundamental, além de sistemas de controle e contato direto entre equipes de trabalho, gestor e comprador.
Fonte: Comunicação Embrapa Florestas / Kátia Pichelli