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Pesquisadora considera oportuna a decisão de adiamento sobre a Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras

O governo federal suspendeu temporariamente o processo de elaboração da Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras presentes no Brasil. Em nota oficial, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) afirma que a medida visa a ampliar as consultas aos setores econômicos que utilizam essas espécies, a fim de definir medidas adequadas à formulação de políticas e procedimentos de controle do escape no ambiente natural, compatíveis com a atividade produtiva.


A pesquisadora Yeda Maria Malheiros de Oliveira, da Embrapa Florestas, considera sábio e oportuno o adiamento da decisão sobre a listagem das espécies. Ela destaca que o processo seria bastante aprimorado, por meio de revisão metodológica, de fontes de informações e da participação de especialistas de diferentes áreas nas avaliações, envolvendo todos os contextos da sustentabilidade (ambiental, social e econômico).

Segundo Yeda, o banco de dados que embasa as listas atualmente apresenta informações com níveis muito distintos de comprovação científica, além de lacunas relevantes quanto à distribuição geográfica e às fitofisionomias onde as espécies ocorrem. Ela explica que, muitas vezes, registros isolados acabam sendo generalizados para estados inteiros sem considerar diferenças ecológicas fundamentais. “Há casos em que uma espécie aparece em uma coordenada específica, em ambiente muito particular, e isso é extrapolado para todo o estado, o que não condiz com a realidade ecológica, especialmente pelas dimensões continentais de um país como o Brasil”, afirma.

A pesquisadora também informa que a categorização atual não contempla dimensões sociais e econômicas que são fundamentais para o equilíbrio entre conservação ambiental e atividades produtivas. 

Para Yeda, o Brasil, por sua extensão territorial e diversidade de biomas, exige uma abordagem mais complexa em comparação com países do hemisfério norte. “Trabalhar com listas de espécies invasoras num país tropical e megadiverso como o Brasil é muito mais desafiador. É preciso considerar geografia, fitofisionomia, clima e contextos ecológicos muito distintos”, enfatiza.

Além disso, a pesquisadora defende a ampliação e a qualificação dos painéis de especialistas envolvidos no processo. “É fundamental que o Ministério do Meio Ambiente, o Ministério da Agricultura,o Ministério do Desenvolvimento Agrário e outros envolvidos atuem juntos, garantindo que os grupos técnicos tenham profissionais com diferentes olhares: ambiental, social e econômico. Somente assim teremos um material equilibrado e adequado à realidade brasileira”.

Yeda reforça que a decisão do governo cria uma oportunidade para aprimorar o processo. “O adiamento é uma medida oportuna e sábia, porque há necessidade clara de revisão das informações, revisão dos critérios e ampliação da participação de especialistas com diferentes formações”, conclui.