A reunião do Conselho Deliberativo da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) de abril, mês que marca o aniversário de criação da entidade, contou com palestra de Pérsio Arida, economista, ex-presidente do Banco Central e do BNDES, com reconhecido trânsito entre academia, governo e setor privado. Em sua apresentação, o economista abordou os cenários econômicos no Brasil e no mundo.
Para Paulo Hartung, Presidente Executivo da Ibá, Pérsio Arida é um dos mais brilhantes economistas do País e um dos responsáveis pelo plano real. “É uma satisfação muito grande ter a sua presença na reunião do Conselho Deliberativo no mês em que a Ibá comemora 7 anos de existência”, disse.
Segundo análise do economista, o mundo está dando sinalizações de retomada. A China teve uma política de contenção e de rastreamento, conseguindo fazer com que a Covid-19 desaparecesse em suas fronteiras, permitindo a retomada econômica. “A China foi o maior crescimento do século 20 e deve seguir sendo destaque no século 21, retomando índices de crescimento de 6,5% a 7% neste ano”, disse.
“Nos EUA, Joe Biden está atuando de uma maneira inovadora. Está colocando em prática uma expansão fiscal sem precedentes, estimulando um pacote de infraestrutura, orientado para a sustentabilidade. Uma política monetária expansionista jamais vista, o que ratifica as perspectivas de crescimento de cerca de 6,5%”, acrescentou.
Sobre a Europa, Arida avalia que a gestão da pandemia teve mais desafios, mas a região caminha para uma consolidação ainda maior como bloco econômico.
Já para o mundo em desenvolvimento, na análise do economista, o cenário é outro. “No Brasil, o governo concedeu um estímulo fiscal muito grande e a taxa de câmbio desvalorizou”, disse avaliando os desafios econômicos internos mesmo nesse cenário internacional de recuperação e com o boom das commodities.
Outro ponto destacado pelo economista é a falta de plano permanente do país para lutar contra a pobreza. “O Brasil está atrasado em política social, desenvolvimento de uma política de inclusão social permanente e educação pública e desenvolvimento tecnológico”, disse.
Nessa linha, o presidente do Conselho Consultivo, Daniel Feffer, considera que o Brasil, por muitas décadas, tem voltado suas ações para a visão do curto prazo. “Temos conseguido ultrapassar algumas barreiras, como a inflação, mas precisamos de planejamento a médio e longo prazos”, disse.
Outro ponto reforçado na reunião foi a importância de reposicionamento do Brasil no xadrez internacional, que pode ser um grande impulsionador da economia pelo comércio mundial. Isso passa também pela questão da imagem de sustentabilidade.
O presidente do Conselho Deliberativo, Horacio Lafer Piva, reforçou que o setor de árvores cultivadas tem sido um case diferente dentro do cenário. “Maior diferencial competitivo do Brasil é ser uma potencia ambiental, mas ainda não é pois tem que começar a gerar renda e melhoria de qualidade de vida a partir desse potencial. O setor já está trilhando esse caminho e tem navegado bem no cenário econômico, pelos produtos, inteligência embarcada, compromisso de longo prazo”, disse.