Apesar de ocuparem uma área pequena, as florestas plantadas para a produção de papel, celulose e móveis colocam o Paraná entre os líderes na produção florestal brasileira.
Este é um mercado robusto que, de acordo com a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE), movimentou quase R$ 1 bilhão no estado no ano passado.
A maior região produtora é a dos Campos Gerais. O empresário e engenheiro florestal Álvaro Scheffer, da empresa Águia Florestal, de Ponta Grossa, diz que um dos desafios do setor é o tempo de espera até as árvores atingirem o ponto de corte, que leva muito tempo.
“A floresta plantada é uma cultura de longo tempo de maturação. A soja, por exemplo, é plantada e colhida no mesmo ano. O pinus leva mais de vinte anos e, depois do corte, plantamos de novo”.
O empresário afirma que o que sai das lavouras de árvores da empresa tem múltiplas funções.
“Tudo o que você imaginar tem celulose. A máscara que usamos agora, o caderno é de papel, os móveis são de madeira. Quanto mais melhorar a vida das pessoas, mais madeiras vamos usar”.
De toda a área territorial do Paraná, a APRE estima que apenas 5% estejam cobertas com florestas plantadas – isso equivale a pouco mais de um milhão de hectares.
Mesmo com essa área relativamente pequena, o estado é um dos líderes no cultivo, produção, industrialização e exportação de produtos florestais. Duas espécies são cultivadas para este fim: pinus e eucalipto, que não são nativas da flora brasileira.
Também são essas espécies que abastecem a maior empresa produtora e exportadora de papel do Brasil, a Klabin, instalada desde 1934 na região dos Campos Gerais.
“Nós temos 24 unidades, sendo 23 no Brasil e uma na Argentina. Produzimos 3,7 milhões de toneladas em todas as unidades. Dessas unidades, temos três localizadas no Paraná que são responsáveis por 70% da produção”, diz o gerente industrial da empresa Ricardo Cardoso.
Preocupação ambiental
O gerente florestal da empresa, Darlon Orlamunder, lembra que a região tem uma tradição na produção madeireira.
“O Brasil não tinha uma indústria de base florestal, de produção de celulose e de papel. A região dos Campos Gerais já era muito forte, já tinha um grande potencial na produção de madeira, principalmente o setor de madeira serrada, como a araucária, que tinha uma história muito forte nessa região e em Santa Catarina”.
Atualmente, derrubar araucárias é crime, mas, em 1975, o pai do empresário Álvaro Scheffer já se preocupava com a questão ambiental.
“Ele vem de uma paixão muito antiga por araucária. Ele nasceu em uma região de madeira, ele teve serraria no início da década de 60, e ele viu as florestas acabarem e teve uma ideia de plantar árvore. Ele, então, fez o primeiro plantio de pinus, em 1975”, conta o empresário.
A indústria da família surgiu 18 anos depois, justamente para aproveitar a mata que tinha sido erguida.
“A nossa região sempre produziu madeira. Eu nasci em casa de madeira, assim como muitos paranaenses. Na época, era de araucária. Hoje, ainda existem casas de madeira, mas são de pinus e de eucalipto”.
Álvaro Scheffer explica que, na indústria, todas as partes das árvores são aproveitadas.
“A madeira mais fina vai para a fabricação de MDF; a casca é levada para Holambra, no interior do estado de São Paulo, para a fabricação de vasos de flores; a serragem é usada para forrar o solo no confinamento do gado ou para a queima que gera energia”.
Segundo a APRE, das maiores empresas florestais do Paraná, 46% fazem parte da associação e quase 90% da área cultivada tem certificação que atesta a origem da matéria prima e os princípios ambientais empregados.
Na Klabin, segundo o gerente comercial Ricardo Cardoso, essa é uma preocupação permanente.
“Nós temos florestas plantadas entremeadas com florestas nativas e este mosaico faz com que nós tenhamos o que se chama de corredor ecológico. Com isso, a fauna tem condições de sair de uma mata nativa e ir a outra”.
Peso da indústria
Os números revelam o peso dessa indústria. Estima-se que, de cada cinco quilos de papel consumidos no Brasil, um seja produzido no Paraná. No caso da celulose, a relação é ainda maior: de cada quatro quilos, um tem origem no estado.
Está em Arapongas, no norte do Paraná, o segundo maior polo moveleiro do país e o estado ainda figura como o segundo maior exportador de molduras e compensados de pinus do Brasil.
“90% da madeira serrada que nós produzimos é exportada. Deste total, 30% vai para a indústria moveleira e 70% para a construção civil”, diz Álvaro Scheffer.
O gerente industrial da Klabin, Ricardo Cardoso, conclui: “Os produtos que nós produzimos atende o Brasil todo e, ainda, exportamos para mais de 70 países. É uma cadeia que abastece o Brasil e boa parte do mundo”.
Confira neste link a reportagem veiculada no programa Caminhos do Campo, da RPC, afiliada Rede Globo no Paraná.
Foto: Reprodução/RPC