Dando continuidade ao 5º Workshop Apre/Embrapa Florestas, a programação da tarde trouxe três palestras técnicas sobre “Inovação da produção de mudas”, “Mecanização de silvicultura” e “Gestão do valor da madeira nas operações florestais”.
A primeira palestrante foi Juliana Goldbach, pesquisadora da Embrapa, que falou sobre produção de mudas. Para dar início à apresentação, ela explicou que a clonagem é a “produção de indivíduos geneticamente iguais” e disse que o processo “é de reprodução assexuada que resulta na obtenção de cópias geneticamente idênticas de uma mesma planta”.
A pesquisadora comentou, ainda, que existem diferentes técnicas dentro da cultura de tecidos, e abordou uma mais biotecnológica, a embriogênese somática, que é a formação de embriões a partir de células somáticas sem que haja fecundação. Segundo ela, a técnica gera grande numero de embriões por linhagem de massa embriogênica – clones.
“A vantagem dessa técnica é que temos um numero de embriões por linhagem muito grande, e isso faz ganhar tempo no método de seleção, porque o material já está clonado quando for para ser selecionado. Outra vantagem é o custo, já que existem artigos que mostram que quando a técnica está bem estabelecida, pode ser a técnica mais barata de clonagem para o pinus por indivíduo”, destacou.
Mas mesmo com essas vantagens, Juliana ressaltou que existem algumas limitações para a técnica: é extremamente genótipo dependente; existem protocolos específicos para cada genótipo; há problemas com as taxas de conversão de embriões; dificuldade maior para híbridos, já que esse tipo é mais difícil de responder à técnica; e também existe a necessidade de estrutura de laboratório e de mão de obra especializada. Por conta disso, de acordo com a pesquisadora, muitas empresas de grande porte estão preferindo investir na própria estrutura de laboratório e treinar os colaboradores para usar a técnica; empresas privadas tratam isso como segredo industrial; institutos de pesquisa públicos e privados contam com poucos trabalhos publicados, não é para todas as espécies; necessidade de muita pesquisa ainda para várias espécies.
Por fim, ela falou sobre o investimento, que engloba alinhamento com programa de melhoramento genético; laboratório de cultura de tecidos; reagentes e equipamentos, entre outros.
Mecanização da silvicultura
Guilherme Oguri, pesquisador do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (Ipef), foi o segundo palestrante da tarde, falando sobre o Programa Cooperativo sobre Mecanização e Automação Florestal (PCMAF), criado em 2014, do qual é coordenador. Segundo ele, a mecanização ainda esta precária e as empresas estão muito preocupadas com isso. Na colheita, a mecanização já está bem estabelecida, mas na silvicultura o tema ainda é um problema.
Ele cita, por exemplo, que o plantio é manual, mesmo com máquinas sendo desenvolvidas para mecanizar essa etapa. Um dos grandes problemas enfrentados na silvicultura, hoje, é que as empresas estão encontrando dificuldade para encontrar mão de obra especializada, já que as pessoas não querem mais trabalhar no campo. Por esse motivo, mecanizar é tão importante, de acordo com o pesquisador da Ipef.
“Além disso, existe também a questão da quantidade de recursos desperdiçados. Na irrigação, por exemplo, a água utilizada não é controlada hoje. Irriga-se, mas não se sabe quanto está irrigando. O funcionário não sabe quanto está sendo gasto de um material finito e tão importante como a água. A mecanização ajuda nisso, porque é possível colocar sensores e controlar a quantidade de água, ou até mesmo sensores no solo que mostrarão quando é necessário irrigar. Temos que economizar água, combustível, tudo que está sendo gasto de forma impensada. A mecanização ajuda no controle dos processos e na otimização deles também, além de suprir a falta de mão de obra”, finalizou.
Gestão do valor da madeira nas operações florestais
Para a terceira palestra, a organização do workshop convidou Rafael Malinovski, diretor de Negócios da Malinovski Florestal para falar sobre o tema “Gestão do valor da madeira nas operações florestais”. De acordo com ele, uma floresta de Pinus, hoje, com 20 anos, dois desbaste – um aos nove anos e outro aos 14 – todas as atividades, desde o preparo do terreno até as árvores prontas para serem colhidas no corte raso, tem um valor estimado de R$ 59,47 por metro cúbico. Essa mesma floresta, incluindo todas as atividades desde o primeiro até o vigésimo ano, tem uma rentabilidade estimada de 9,0% ao ano.
Porém, o palestrante chamou a atenção dos presentes dizendo que nem sempre é possível entregar essa rentabilidade, porque muitas empresas adotam algumas práticas operacionais que destroem o valor da madeira. Não ter para quem vender a madeira; planejamento estratégico mal feito; falta de microplanejamento e de planejamento tático e operacional; falta de gestão comercial; falta de treinamento de colaboradores; falta de disciplina tática; parametros técnicos inadequados; desperdício ou aplicação inadequada do material; uso inadequado do equipamento; falta de manutenção de estrada; ineficiência operacional; retrabalho; disfunção entre as operações; mudanças não programas; danos à floresta remanescente; e falta de controle são algumas das práticas citadas pelo palestrante.
“Quanto tudo isso pode representar na rentabilidade do negócio florestal?”, questionou. “A atratividade da madeira pode ser perdida rapidamente. 20 anos de trabalho podem acabar em um dia, e os gestores florestais precisam ter essa consciência. Por isso, liderança e engajamento são fundamentais. É preciso planejar, saber o que fazer e definir as metas para controlar. Para finalizar, fica a reflexão: quanto nós investimos realmente na melhoria dos processos operacionais florestais? Estamos no piloto automático ou estamos olhando para isso?”, completou.
Fonte: Assessoria de imprensa Apre