Para fechar o 7º Workshop Embrapa Florestas/Apre, a programação trouxe a experiência das empresas florestais em como se organizar para proteção florestal. O primeiro palestrante do painel foi Eduardo Moré de Mattos, engenheiro florestal e sócio-diretor da Geplant Tecnologia Florestal, falando sobre “Monitoramento do impacto sobre a produtividade”.
Para contextualizar, o palestrante explicou alguns conceitos e ressaltou que a magnitude dos impactos depende do status do plantio no momento do dano. Sobre isso, ele lembrou que o mundo vive num ambiente de mudanças, em que tudo muda o tempo todo no espaço tempo. Isso quer dizer que há uma forte interação entre os fatores que definem a produtividade.
“Plantações florestais são investimentos de longo prazo. As florestas plantadas, hoje, sofrem maior risco de produção, seja por praga ou por pressões diversas. Para resolver esse problema, nossa abordagem traz como pano de fundo a ecologia da produção”, ressaltou.
Segundo o engenheiro florestal, a produção de madeira acontece em função do suprimento do recurso, da taxa de captura daquele recurso e da eficiência com que o recurso é convertido em madeira. “Em matemática, isso quer dizer que, em um período de tempo, o que vai crescer de madeira vai depender do quanto a floresta absorveu de radiação e a eficiência com que ela converte a radiação. Já há algum tempo temos observado que a produtividade está muito mais relacionada à eficiência do que a outras coisas. No projeto BEEP, por exemplo, os 27% de aumento da madeira foram resultado de um aumento de 20% de eficiência do uso da luz”, detalhou.
Na Geplant, o trabalho realizado segue a metodologia da gestão da produtividade florestal (GPF), que unifica em uma única plataforma diversas fontes de informação para definir o tipo de abordagem.
“A produtividade florestal não é um alvo fixo. Não se pode esperar o mesmo valor para todas as rotações, porque as condições mudam o tempo inteiro. Procuramos entender o que está acontecendo no ambiente para poder falar a respeito do impacto sobre produtividade. Fazemos simulação, estabelecemos referências e, assim, conseguimos falar de produtividade atingível. Ou seja, em cada momento da floresta, conseguimos saber quanto ela deveria estar produzindo. Se a empresa tem essa informação, conhece o que tem de estoque e compara com o que deveria ter, é possível identificar as oportunidades de manejo, os gaps de produtividade, onde se pode atuar, quais são os impactos sobre a produtividade etc”, disse.
Pensando em modelos processuais de crescimento florestal, a Geplant consegue integrar dados em framework lógico, e a plataforma já conta com sensoriamento remoto, com os modelos tradicionais de crescimento e com modelos computacionais. Essa abordagem vai desde a célula até a paisagem.
“Com essa nova abordagem, nos é permitido identificar os gaps de produtividade, saber onde e quais são as oportunidades. Além disso, podemos projetar e estimar o crescimento. Fazemos uma abordagem da quantificação da variabilidade, dos riscos que essa produtividade vai ter. Quando vemos uma floresta, é possível olhar a distribuição desses riscos. O entendimento sobre o funcionamento da floresta é o que nos permite monitorar e calcular os impactos sobre a produtividade”, afirmou.
Na avaliação dele, a floresta pode ser comparada a um filme, pois o que se olha hoje é resultado de tudo o que aconteceu desde antes do plantio até o momento.
“Ao olhar uma floresta, não olhamos só o agora, recuperamos tudo o que aconteceu desde o plantio e tentamos monitorar isso. As interações são complicadas, mas há uma lógica por trás delas. O que queremos é converter o dado em funcionamento florestal para permitir estimar volumes e impactos, que é o que interessa para o gestor. Atuamos como parceiro estratégico com uma metodologia consolidada. Precisamos entender como a empresa trabalha e como as ferramentas podem potencializar o trabalho das equipes internas, para dar mais respaldo à tomada de decisão”, completou.
Experiência da Klabin no monitoramento de pragas, doenças e plantas daninhas
A segunda palestrante do painel foi Mariane Bueno Camargo, especialista em pragas e doenças da Klabin. De acordo com a palestrante, a empresa trabalha no regime de mosaico florestal, fazendo a intermediação de plantios de florestas plantadas com florestas nativas de diferentes espécies, o que proporciona um menor impacto ambiental, principalmente no uso da água.
Para garantir floresta de alta produtividade, são necessários alguns fatores, como material genético adequado ao ambiente; local satisfatório; diferentes tipos de densidades de plantas, de acordo com o manejo; arranjo do plantio; ter boa sobrevivência inicial; proporcionar boa uniformidade; ter ótimo arranque; e controlar os fatores redutores, principalmente pragas, doenças, matocompetição, entre outros.
Dentro da área de fitossanidade, a Klabin trabalha com monitoramento e pesquisa para controle eficiente das pragas; monitoramento de eventos abióticos, como vento e geada; monitoramento e recomendações de controle para plantas daninhas; experimentação de ingredientes ativos registrados para uso na área florestal, com mais de 21 tipos de experimentos relacionados à matocompetição para posicionar esses produtos de forma correta; relações com a comunidade; e o monitoramento em geral.
“Com relação ao manejo de pragas, hoje temos mais de 12 pragas em eucalipto e mais de nove pragas em pinus já registradas no Brasil. No Sul, não temos um fator tão alarmante ou agravante como em outras regiões, pois temos um clima favorável. Além disso, usamos a formação de mosaico natural e temos feito trabalhos para mantê-lo, porque o próprio mosaico faz uma barreira natural de pragas. Outro ponto favorável é o investimento em pesquisa. Trabalhamos com materiais resistentes, com o investimento em pesquisa de inimigos naturais e apoio a instituições de ensino para fatores que podemos utilizar no manejo integrado de pragas e doenças”, explicou.
Na Klabin, foram encontradas as pragas Gonipterus platensis, Sirex noctilio e Lectopcybe invasa, que são monitoradas. Já sobre as doenças, a empresa tem trabalhado na parte de resistência genética, e o melhoramento de eucalipto tem uma gama de experimentos em fase final.
“Tudo isso precisa de monitoramento e o trabalho é árduo, mas todas essas rotinas fazem parte da busca pela excelência. Também monitoramos a mortalidade, com dados do inventário florestal de sobrevivência, para avaliar a causa. Ainda fazemos acompanhamento a partir dos registros de ocorrência e análise de satélite. Agora, estamos criando um sistema de registro com integração de dados. Queremos integrar todos os tipos de ocorrências dentro de um único sistema, para unificar a base e podermos gerenciar e enviar as informações para o planejamento. Assim, teremos histórico das informações para criar um sistema capaz de provisionar possíveis perdas”, destacou.
Fonte: Maureen Bertol (MTb 8330/PR) – Interact Comunicação