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Opinião: por que falar de uma economia florestal sustentável e justa é essencial para a agenda climática?

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*Vivemos tempos de urgência. Os drásticos efeitos da crise climática e as previsões alarmantes do que ainda virá nos pedem pressa. A chamada Década da Ação, oficializada em 2020 como forma de acelerar o cumprimento de metas mundiais do desenvolvimento sustentável, explicita o desafio contemporâneo — é preciso boas estratégias do que fazer e como, porém não há mais tempo para pensar em quando: é agora!

A multiplicidade de fatores que levam à crise climática e de biodiversidade – muitos desses, sistêmicos – explica o porquê das soluções precisarem ser diversas. Tal complexidade demanda ações bem coordenadas, planejadas em bases sólidas, com sensibilidade aos contextos, visão de futuro, adicionalidade de esforços e constante mensuração e avaliação de impacto.

Tempos de urgência também levam a conflitos. Entre eles, o da disputa narrativa entre visões de mundo e formas de se entender os recursos naturais e humanos e o legado das gerações atuais frente às futuras.Tempos de conflito pedem diálogo e demandam construção de pontes. E é justamente nesses momentos que mais necessitamos de cooperação.

A história da economia florestal sustentável nos traz exemplos concretos do que significa a cooperação. Primeiro, ela mostra que há conciliação possível entre desenvolvimento econômico e social justo e equitativo com a proteção e a regeneração dos ecossistemas naturais florestais, cuja manutenção depende dessa cooperação.

Esses ecossistemas são diretamente responsáveis pela regulação do clima, a segurança alimentar e a produção agropecuária, a oferta de recursos hídricos para geração energética e para consumo humano e da indústria, além de contribuírem para o desenvolvimento técnico e científico a partir da biodiversidade e uma série de outros benefícios para a sociedade, já mensuráveis economicamente. A sustentabilidade dessa economia florestal, no entanto, pede que esses territórios sejam reconhecidos como fontes de riqueza tangível e intangível para os que dependem diretamente ou indiretamente deles, gerando assim um ciclo virtuoso de investimento e retorno. Esse é o desafio.

Juntas, estratégias bem definidas e que levam em conta as necessidades e especificidades de cada contexto e ação colaborativa entre os variados atores estão entre os elementos-chave para a discussão acerca de uma economia florestal verdadeiramente sustentável. Para isso, faz-se necessário apoiar países onde há significativos remanescentes florestais e de biodiversidade pelo mundo, ação que tem sido uma das missões da cooperação internacional para a ação climática.

O governo do Reino Unido é um dos atores de maior relevância na discussão sobre “Soluções Baseadas na Natureza”, que preconiza modelos de preservação e regeneração dos ambientes naturais como eficaz estratégia de mitigação e também adaptação à crise climática, com ganhos sociais e econômicos. Por meio de programas como o Partnerships for Forests (P4F) – que, em português, significa “parcerias pelas florestas” – eles apostam no modelo de construção colaborativa de soluções, envolvendo atores do setor privado, público e das comunidades locais no desenho de ações e iniciativas que apoiem na proteção ou regeneração de florestas.Exemplos dessa colaboração estão no fomento à bioeconomia empreendedora envolvendo pequenos e médios negócios de base extrativista ou agroflorestal; no apoio a arranjos de parcerias setoriais em cadeias de valor com alto potencial de impacto, como a pecuária e a produção de cacau; e no investimento em modelos de negócio para financiar a restauração florestal em larga escala.

Alguns exemplos práticos estão no documentário inédito “Parceiros da Floresta”, uma produção do P4F que percorre três continentes evidenciando casos de parcerias entre setores privado, público e comunidades locais para a proteção e restauração de florestas tropicais globais aliando tecnologia, negócios e conhecimento tradicional para gerar benefícios verdadeiramente compartilhados. O filme apresenta iniciativas prósperas e inovadoras de sistemas produtivos sustentáveis ao redor do mundo.

O documentário será exibido no dia 9 de setembro durante a 4ª edição da Conexão pelo Clima, a feira de negócios climáticos mais relevante do Brasil. Este ano, em edição presencial, o evento tem como foco as oportunidades da bioeconomia, tema que é chave para as mudanças e deve ser impulsionada por negócios comunitários e empresas comprometidas, parte da solução para um futuro sustentável para o planeta.

Seguido da exibição do filme, os parceiros convidam para o debate “Cooperação Internacional para o fomento da Bioeconomia no Brasil”, que vai reunir representantes dessa agenda para discutir, do ponto de vista internacional, como outros países podem apoiar a agenda florestal no Brasil.

Nesses tempos de urgência, convidamos a sociedade a conhecer mais e se envolver com a economia florestal sustentável pelo mundo, um movimento construído na base da ação colaborativa e que inspira a mudança.

*Juliana Tinoco é Gerente de Relações Externas e Conhecimento do programa Partnerships for Forests (P4F) na América Latina.

Imagem: Mudanças climáticas vetor criado por rawpixel.com – br.freepik.com