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Live ressalta a importância do setor florestal para a economia paranaense

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O presidente da Apre, Álvaro Scheffer Junior, participou de um debate promovido pela Malinovski sobre “O setor florestal no estado do Paraná” no dia 01 de outubro. O bate-papo, mediado por Ricardo Malinovski, foi transmitido pelo Instagram e teve mais de 60 espectadores. Na ocasião, eles falaram sobre o cenário para o setor florestal, a importância dele para as economias brasileira e paranaense e o futuro da atividade.

De acordo com Scheffer, o negócio florestal no estado do Paraná está entre os mais completos do país, com destaque para plantios de pinus. Na avaliação do presidente da Apre, a principal característica do Estado é a cadeia produtiva completa, com produção de celulose, papel, chapa, madeira serrada, entre outros. “Temos no Paraná todo tipo de indústria que utiliza a madeira, desde produção de ciclo curto, até ciclo longo”, explicou.

Com relação à área plantada do Paraná, adiantou um dado que será disponibilizado no Estudo Setorial da entidade, que está em fase final de produção. Segundo o levantamento, o Estado apresenta pouco mais de um milhão de hectares de área plantada, sendo 692 mil com pinus, 256 mil com eucalipto e 61 mil entre corte raso e plantios jovens. “No Brasil, temos aproximadamente sete milhões de hectares de florestas plantadas. Reconhecer que mais de um milhão está aqui mostra a expressividade do Paraná”, avaliou.

Scheffer Junior também citou que o setor florestal corresponde a 4,5%   do Valor Bruto de Produção (VBP) do Paraná, que, hoje, é de R$ 97,7 bilhões. O engenheiro florestal detalhou que são R$ 49 bilhões da pecuária, R$ 44 bilhões da agricultura e R$ 4,4 bilhões do setor florestal.

Em termos de produção, ele destacou que a Apre divide o Estado em sete polos, e todos têm a característica de serem produtores e consumidores, uma particularidade do Paraná, o que faz com que apenas um volume pequeno seja comercializado fora do Estado – ou seja, a maior parte da produção fica aqui.

O maior polo é o de Telêmaco Borba, mais voltado para celulose e papel. Em seguida, Scheffer Junior citou os demais: Jaguariaíva e Sengés, que têm produção expressiva de pinus; Lapa e Rio Negro, também com produção expressiva em pinus e manejo para multiprodutos; Guarapuava, com uma produção florestal mais dispersa, atendendo basicamente energia e processo; Bituruna e General Carneiro apresentam produção expressiva em pinus e manejo para multiprodutos; Vale da Ribeira conta com produção de pinus e, majoritariamente, é local de produção florestal para processo; e Ponta Grossa, que é mais voltado à produção de pinus, com as florestas sendo utilizadas para desdobramento da madeira, como laminação e chapas, mas também para produção de energia.

Preço da terra

Álvaro Scheffer Junior e Ricardo Malinovski abordaram, durante a live, a competição sadia que vem ocorrendo entre o setor florestal e a parte agrícola no Estado. Para o presidente da Apre, é preciso entender que o alimento é um produto de alta necessidade e, por isso, a floresta não deve competir com esse espaço, mas cada um tem o seu lugar de estar. O que vem acontecendo no Paraná, segundo ele, é a substituição: áreas 100% mecanizáveis para a agricultura, e as florestas seguem para as áreas marginais, onde não há produção agrícola.

“O valor da floresta em pé não subiu no mesmo nível do que o preço dos grãos. Ou seja, não há como ‘competir’. Essa substituição de uma área que tinha floresta e hoje tem agricultura e a área florestal indo para as áreas marginais é algo normal. Aconteceu e acontece no mundo todo. O que precisamos adequar é a legislação do Estado para que tenhamos facilidade para produção florestal nessas áreas de relevo mais acentuado”, afirmou.

Esse movimento de substituição, de acordo com os debatedores, vem acontecendo, principalmente, pelo valor do grão de comercialização, e os pequenos produtores têm convertido as áreas de floresta para agricultura.

“Se pensarmos no preço da madeira, hoje, houve um aumento. Porém, os custos de colheita subiram mais do que o preço da madeira. Isso não se reverteu para o valor da floresta em pé. Se dolarizar o preço da madeira em pé, estamos com os níveis de preço mais baixos da história, e, em colheita, a maior parte é dolarizada. Uma empresa que tem parte industrial, é exportadora e tem floresta está no melhor dos mundos. Mas o pequeno produtor, numa área 100% mecanizável, encontra dificuldades, então a chance de ele migrar para a agricultura é muito grande”, exemplificou.

Importância da associação

A Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre) conta, hoje, com 47 associados, sendo 33 com floresta e 14 sem floresta, como consultorias, produtores de mudas, fabricantes e revendedores de máquinas e equipamentos etc. A entidade representa o setor tanto na esfera pública, quanto na privada, e tem o compromisso de mostrar à sociedade o que é o setor florestal.

“Nós, enquanto engenheiros e setor florestal, sabemos falar muito bem para nós mesmos, mas não mostramos para a sociedade o que é o setor, o que fazemos. Nosso trabalho não é somente plantar pinus ou eucalipto e cortar. Protegemos muito também. Hoje, o setor florestal é o que mais tem mata nativa no Estado. Os associados da Apre possuem cerca de 954 mil hectares de área total. Desses, cerca de 456 mil hectares são de área plantada e o restante, 450 mil, de florestas nativas. Fazemos a conta de que para cada um hectare de área plantada, as associadas possuem quase um hectare de área nativa. É muito mais do que a legislação ambiental exige. E isso precisa ser divulgado”, ressaltou.

Segundo o presidente, a Associação existe justamente para representar e apoiar o setor, conseguir um diálogo permanente com o governo estadual e também federal, buscar melhorias para a parte produtiva das florestas e se comunicar com a sociedade.

Desafios – de acordo com Scheffer Junior, a Apre foi a público recentemente para apoiar a aplicação do Código Florestal. A entidade entrou com uma representação jurídica, como forma de defender o código.

“Nosso setor trabalhou muito para aprovar o código atual, que traz uma série de benefícios não só para o segmento, mas para o agronegócio como um todo. Nas áreas que são preservadas por essa Lei, não se mexe, mas o Código Florestal está aí para ser usado. Além disso, se o código sair, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) não vale para nada, assim como todos os programas de recuperação ambiental. Isso quer dizer que todo o recurso investido iria por água a baixo, o que não tem cabimento”, reforçou.

O presidente citou, ainda, que nesse ano conturbado, cheio de incertezas, a Apre mudou uma série de linhas de atuação. “Focamos no mapeamento florestal do Paraná, com uma divisão muito fidedigna do que é pinus, eucalipto, corte raso, floresta nova. Teremos lançamento do Estudo Setorial, com informações atuais e assertivas. Na parte de incêndios florestais, tema que tem sido muito discutido, a Apre conta com uma rede de contatos atualizada de monitoramento de incêndios florestais no Estado. Outro ponto de atuação tem sido o acompanhamento intenso da legislação estadual. Estamos em contato direito com os secretários de Agricultura e de Meio Ambiente, buscando incentivos para a parte florestal.

Por fim, para fechar a live, Ricardo Malinovski questionou se, em um setor pujante como o florestal, bastante significativo para a economia do Estado, há espaço para novos produtores. Na opinião de Álvaro Scheffer Junior, sim, e ele ressaltou, ainda, que a Apre está sempre em busca de incentivos do governo para aumentar a produção. “Temos muita capacidade de absorver novas indústrias e aumentar ainda mais a área plantada do Paraná”, completou.