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Florestas plantadas: a base da economia verde que o Brasil precisa valorizar

Por Fabio Brun*

Hoje (10/11) tem início a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém do Pará, e o mundo volta os olhos para o Brasil e, especialmente, para nossas florestas. Nesse cenário, a silvicultura — o cultivo e manejo de árvores com fins econômicos e ambientais — ganha relevância estratégica. É o momento de mostrarmos que o país é protagonista global em soluções de baixo carbono e desenvolvimento sustentável.

O uso da madeira proveniente de florestas plantadas está no centro dessa transformação. Quando utilizada na construção civil, em móveis ou painéis, ela atua como uma verdadeira aliada do clima: sequestra e armazena carbono durante toda a vida útil do produto. Além disso, substitui materiais com pegada ambiental muito mais elevada, como o aço e o concreto.

Optar pela madeira, portanto, é uma decisão consciente, é escolher um futuro mais limpo, circular e renovável. O Brasil já possui uma base sólida nesse campo e pode se tornar referência mundial no fornecimento de produtos sustentáveis de origem florestal.

O Paraná ocupa posição de destaque no cenário nacional: é o quarto estado em área plantada e o segundo em Valor Bruto da Produção da Silvicultura em 2024. São 1,17 milhão de hectares de florestas cultivadas, sendo 713 mil de pinus e 442 mil de eucalipto. Essa estrutura não só gera riqueza e empregos, como também preserva o meio ambiente.

Entre as empresas associadas à APRE Florestas, a cada hectare plantado, outro hectare é destinado à conservação de florestas nativas. Isso significa que a produção caminha lado a lado com a preservação, um modelo exemplar que alia competitividade e responsabilidade ambiental.

Nosso estado responde por cerca de 15% dos empregos do setor florestal brasileiro e 13% das empresas do segmento, o que reforça a relevância econômica e social dessa atividade. A silvicultura é, portanto, uma política de desenvolvimento sustentável em sua essência.

Muitas vezes, a sociedade ainda enxerga as florestas plantadas de forma equivocada como se fossem antagônicas à conservação ambiental. Na verdade, elas são parte da solução. Garantem a oferta de madeira legal, reduzem a pressão sobre as matas nativas, conservam o solo e a água e ajudam na recuperação de áreas degradadas.

Essas florestas estão mais presentes no nosso dia a dia do que imaginamos: nos móveis, nas embalagens, nas construções, nos bioprodutos e até na energia. São uma ponte entre a economia verde e o bem-estar das pessoas.

A COP30 é uma oportunidade decisiva para reafirmarmos o papel do Brasil como líder climático e bioeconômico. Mas, para isso, precisamos de políticas públicas estáveis, incentivo à inovação e reconhecimento da importância das florestas plantadas dentro das estratégias de descarbonização.

O setor florestal brasileiro está pronto para mostrar que tecnologias industriais como a madeira engenheirada, o manejo sustentável e as cadeias produtivas certificadas não são apenas alternativas viáveis, mas caminhos indispensáveis para o futuro.A transição para uma economia de baixo carbono passa, inevitavelmente, pela floresta. E é das nossas florestas plantadas que virá parte importante da resposta global às mudanças climáticas.

* Fabio Brun é presidente da Associação das Empresas de Base Florestal (APRE Florestas).