O primeiro encontro do programa “Florestas em Pauta”, promovido pela Embrapa Florestas (Colombo/PR), aconteceu nesta quinta-feira, 23/03. Com o tema “Tecnologia de produtos florestais”, o evento reuniu empresários, pesquisadores e estudantes com o objetivo de conversar sobre os principais gargalos neste tema.
Com a dinâmica proposta de “bate-papo”, os participantes conversaram sobre pesquisas realizadas em tecnologia da madeira, como elas se inserem no setor produtivo e as necessidades para inovação no setor. O bate-papo começou com uma visita a laboratórios que fazem parte do Núcleo de Tecnologia de Produtos Florestais da Unidade: Tecnologia da Madeira, Tecnologia de Produtos Não Madeiráveis. “Foi uma grata surpresa ver todo o potencial tecnológico de pesquisa que está sendo desenvolvido aqui na Embrapa”, conta Rafael Malinovski, Diretor de Negócios da Malinovski Florestal. “Excelentes pesquisadores, laboratórios bem equipados, bons produtos sendo desenvolvidos. Um excelente potencial para se aproximar mais das indústrias”, completa.
O grupo de pesquisadores da Embrapa Florestas está investindo no conceito de biorrefinaria, onde os plantios florestais têm potencial para dar origem a uma gama enorme de produtos além dos tradicionais. Ou seja, a matéria-prima de base florestal ou seus resíduos podem ser utilizados para produtos de alto valor agregado. Pesquisas já têm trabalhado com o desenvolvimento de preservativos de madeira extraídos de serragem, bio-óleo de eucalipto para preservação de madeira de pinus ou fabricação de biocidas. “Temos pesquisas inovadoras realizadas aqui em escala de bancada”, explica o pesquisador Erich Schaitza. “Precisamos agora testar isso em escala industrial”, afirma. Outro exemplo conhecido pelos participantes foi a mistura de nanocelulose com alguns tipos de materiais em substituição ao amianto na fabricação de telhas ou na composição de outros tipos de chapas.
“O que nós queremos ver no futuro são serrarias que também produzam energia, laminadoras que extraiam compostos químicos, empresas de celulose que produzam também curativos feitos de nanocelulose e impregnados com extrativos antibacterianos. E tudo com a pesquisa científica embasando esta inovação”, explica o pesquisador Washington Magalhães.
Para isso, nos últimos anos, a Embrapa Florestas investiu na renovação e ampliação da capacidade técnica de seus laboratórios, com a possibilidade de desenvolvimento de pesquisas e análises mais rápidas, eficientes e precisas. Atualmente, nove pesquisadores fazem parte da equipe do Núcleo de Tecnologia de Produtos Florestais, com mais de 800 trabalhos científicos publicados nas áreas de física e química da madeira.
Para o Diretor Executivo da Associação Catarinense de Empresas Florestais (ACR), Mauro Murara, “a estrutura de laboratórios não tem com o que comparar aqui no Sul do país. Nosso papel agora, como Associação, é levantar demandas com empresas do setor e em cima disso desenvolver contatos, parcerias e visitas para encontrar soluções”. O empresário José Sottomaior, da Eco Products Serviços Técnicos Industriais, pondera: “visitamos os laboratórios e vimos um potencial absurdo, mas precisa de mais interface com o setor industrial. Existe muita demanda na iniciativa privada que precisa dos resultados pesquisados aqui”.
Próximos encontros
O primeiro “Florestas em Pauta” apontou caminhos sobre como devem ser os próximos, dentro do conceito de que não são palestras ou seminários e sim uma ocasião para diálogo, mas com temas específicos. Na segunda semana de maio, serão discutidos temas de interesse dos setores de mobiliário e produção de molduras. E uma edição do “Florestas em Pauta” já está agendada também para acontecer dentro da Lignum Brasil, que acontece de 20 a 22 de setembro em Curitiba/PR, evento promovido pela Malinovski Florestal.
Fonte: Embrapa Florestas