A diversidade das pesquisas florestais realizadas pela Embrapa esteve presente na 5ª edição da Expoforest, entre os dias 09 e 11 de agosto, na região de Ribeirão Preto/SP. Além da área dinâmica de ILPF, a empresa contou com dois espaços físicos, em uma área de 140 m2, onde estavam disponíveis totens eletrônicos em que os visitantes podiam acessar materiais preparados especialmente para o evento. Além disso, foram montados mostruários para que os interessados pudessem ver in loco materiais sobre pesquisas com pragas florestais, mudança climática, sistemas de produção de eucalipto e pínus, biotecnologia, manejo florestal sustentável, araucária e erva-mate, publicações, e também ter uma experiência de realidade virtual em ILPF (material inédito estreado pela Rede ILPF). Os estandes contaram com a parceria da Rede ILPF e Cipem/Fórum Nacional de Base Florestal.
A temática ILPF estava na vitrine de um hectare montada na área mas também no estande, com informações sobre seus benefícios, como otimização e intensificação da ciclagem de nutrientes, melhoria do bem-estar animal em decorrência de maior conforto térmico, aumento da renda líquida, permitindo maior capitalização dos produtos, dentre outros. Havia também conteúdos sobre os trabalhos Pulp and Beef (sistemas de ILPF manejados para produção de biomassa florestal), Carne Carbono Neutro (marca registrada desenvolvida pela Embrapa para valorizar a carne bovina proveniente de áreas de produção que não utilizam desmatamento e queimadas) e publicações sobre Arborização e pastagens; Intensificação sustentável e implantação e manejo de árvores. A área contou com parceria da Soesp, Datamars, Tryber, Ouro Fino Genética Animal e CATI Regional Ribeirão Preto/SP.
Entre as tecnologias presentes, estavam os programas de controle biológico de pragas florestais, desenvolvidos pela Embrapa e parceiros que, de forma bem-sucedida, controlam pragas, como a vespa-da-madeira (praga de pínus) e percevejo bronzeado (praga de eucalipto) e seus inimigos naturais.
Outro tema levado à feira foi o de pesquisas com bioinsumos, mostrando alguns exemplos de bactérias
multifuncionais isoladas que vêm sendo estudadas com o intuito de promover o desenvolvimento e o vigor de mudas florestais. lado a lado, mudas de eucalipto produzidas com e sem inoculantes e seu desenvolvimento. As plantas-alvo desses produtos incluem pupunha, pinus, eucalipto, erva-mate, araucária, entre outras espécies florestais de interesse, que apresentaram resultados bem positivos, com grande potencial para impulsionar o desenvolvimento sustentável do setor florestal.
Também foram levados materiais e informações sobre o projeto cooperativo de melhoramento de pínus, viabilizado pelo Funpinus.
Dentro do conceito de biotecnologia e química verde, pelos quais são possíveis vários processos a partir dos plantios florestais, a Embrapa Florestas levou ao estande uma membrana feita a partir de nanocelulose de pínus, desenvolvida para funcionar como um curativo de baixo custo para tratamento de feridas, em especial queimaduras. A membrana pode ser até mil vezes mais barata que as peles artificiais atualmente disponíveis no mercado, além de ser produzida a partir de um material renovável, que é a celulose vegetal. Outros temas de pesquisas da Embrapa Florestas com biotecnologia, em diferentes estágios de desenvolvimento, são o fertilizante de liberação lenta; espessante para álcool em gel; saneantes de longa duração; e captação de CO2 em gases da combustão.
Outros trabalhos de destaque da Embrapa Florestas levados à Expoforest foram os softwares florestais, conhecidos como Família SIS, que auxiliam no manejo florestal de precisão. Os softwares já desenvolvidos são voltados aos plantios de eucalipto, pínus, acácia, bracatinga, teca, cedro, mogno, araucária e várias outras espécies florestais. Os usuários podem utilizar os softwares para testar todas as opções de manejo da floresta para cada condição de clima e solo, fazer prognoses de produções presente e futura, e efetuar análises econômicas. Estão disponíveis para plantios em monocultivo e para sistemas ILPF.
Além destes temas, nos totens era possível acessar materiais sobre mudanças climáticas, com os diversos protocolos desenvolvidos pelo projeto Saltus e que hoje são base para os dados nacionais florestais nos relatórios para as convenções do clima: medição de fluxos de gases de efeito estufa do solo, avaliação do estoque de carbono e de nitrogênio do solo em sistemas florestais e medição e estimativa de biomassa e carbono florestal. O “outro lado” lado também foi apresentado: um estudo sobre como os plantios de eucalipto podem ser impactados pela mudança do clima. O Projeto Saltus trabalhou com estudos e modelagens sobre o impacto do aumento de temperatura em cultivos florestais e ações de mitigação e adaptação no setor florestal. Outro assunto inovador tratado foi a melhoria do índice de alteração de carbono no solo, resultado de estudos que mostram que a redução de carbono no solo de plantios florestais é de apenas 5%, e não 33% como se estimava anteriormente.
Ainda na temática de mudança do clima, os visitantes puderam conhecer um “Silvitério”, brincadeira com as palavras “cemitério” e “biotério”, que é um trabalho de pesquisa que busca entender a dinâmica e os fluxos de gases de efeito estufa em produtos florestais madeireiros com o objetivo de gerar dados mais detalhados e precisos para os relatórios de emissão e remoção de gases de efeito estufa submetidos à convenção de mudança do clima. Para o estudo, 18 produtos madeireiros foram enterrados a 50 cm de profundidade (por isso o termo “silvitério”), por aproximadamente 18 meses, em 5 diferentes locais, Caatinga (Petrolina/PE), Amazônia (Manaus/AM), Pampa (Bagé/RS), Mata Atlântica (Colombo/PR) e Cerrado (Planaltina/DF). Agora estão sendo estudados os efeitos em cada produto e, apesar do estudo estar só no começo, ficou visível aos visitantes as diferenças de reações entre cada produto e região onde foi enterrado.
O manejo florestal sustentável estava tanto com informações nos totens quanto no próprio sistema construtivo de parte do estande (veja matéria aqui).
Embora a feira tivesse mais foco em plantio de eucalipto e pinus, a empresa não deixou de mostrar também pesquisas com erva-mate, araucária e pupunha. Além disso, uma parceria com a Ervateira Verdelândia disponibilizou tererê em formato pocket para consumo no estande.
Foto: Manuela Bergamim