A reunião técnica das associadas, realizada no dia 21 de agosto em Campo Alegre (SC), contou com a presença dos três presidentes da Região Sul, que formam a Associação Sul Brasileira de Empresas Florestais (ASBR).
Tendo como anfitriã a empresa RMS (Resource Management Service), estiveram juntos Fabio Brun, presidente da APRE (Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal), Jose Mario Ferreira, presidente da ACR (Associação Catarinense de Empresas Florestais) e Daniel Chies, presidente da Ageflor (Associação Gaúcha de Empresas Florestais).
O encontro reuniu instituições e representantes das empresas associadas, com uma programação voltada à atualização sobre temas que afetam o setor, debate sobre as estratégias de cada entidade sobre as consequências do tarifaço e ações que estão sendo realizadas pela ASBR em Brasília em defesa do segmento. A programação contemplou também uma análise jurídica sobre a ação civil pública em tramitação no estado do Paraná, apresentado por Ailson Loper, diretor executivo da APRE.
Os maiores destaques do encontro foram as participações do assessor da ASBR, Fernando Castanheira e da pesquisadora da Embrapa Florestas, Susete Penteado. Castanheira apresentou as principais atividades desenvolvidas pela ASBR em Brasília, com destaque para a atuação política em defesa do setor.
Já a pesquisadora da Embrapa Florestas, Susete Penteado, abordou as iniciativas do Fundo Nacional de Controle de Pragas Florestais (Funcema), com ênfase nos avanços do processo de importação de inimigos naturais para o controle biológico da vespa Sirex obesus, praga que tem causado impactos significativos nos plantios de pinus em São Paulo e Minas Gerais.
O presidente da APRE, Fabio Brun, afirmou que as três associações da Região Sul já trabalham em conjunto em vários aspectos, principalmente na defesa do setor florestal. “Essa foi uma oportunidade de juntar as três associações numa reunião mais técnica, discutindo não apenas a questão da tarifação dos Estados Unidos, mas de ouvir o representante da ASBR em Brasília e sua atuação, bem como as principais dificuldades que o setor vai enfrentar daqui em diante.”

As três associações da Região Sul convergiram que a única forma de enfrentar o problema da super tarifa é por ação do governo federal. “Ainda não existem indicadores desse esforço. O que está claro é que as empresas estão reagindo e se adaptando para buscar soluções de mercado, que não passem apenas pelo enxugamento de pessoal”, afirma Brun.
O presidente da ACR, José Mario Ferreira, destacou temas prioritários para Santa Catarina, com possíveis reflexos nos estados vizinhos: “No campo geopolítico, a Região Sul já começa a sentir os efeitos das tarifas de importação dos EUA, com fechamentos de fábricas e demissões. A incerteza ainda persiste em relação ao futuro. Nosso foco permanece na defesa do Código Florestal de Santa Catarina e do Código Florestal Federal. Apesar de estarem consolidados há mais de 13 anos, ambos seguem sob constantes ataques, gerando insegurança jurídica para a silvicultura catarinense.
Já o presidente da Ageflor, Daniel Chies, disse que o encontro foi uma reafirmação do compromisso e união das três associações, fortalecendo institucionalmente a ASBR. “Essa reunião demonstrou, sobretudo, a importância e a necessidade de juntarmos esforços institucionais e políticos na defesa dos interesses e das pautas prioritárias para o setor de base florestal”, assinalou.
Fernando Castanheira Neto, consultor da ASBR em Brasília, tem desempenhado papel estratégico. Com a missão de conectar os interesses regionais às decisões que se desenrolam no Congresso e no Executivo, levou as pautas que impactam diretamente o setor no Sul do país para a capital federal .
“Sou responsável por fazer essa ponte entre a defesa do interesse do setor e a agenda de Brasília. A maior parte do que acontece nos estados decorre de orientações federais, seja por legislação, seja por decisões judiciais”, explicou Castanheira.
Segundo ele, a união das três associações regionais fortalece a representatividade e amplia a capacidade de diálogo com o poder público, principalmente em nível federal.
Um dos principais pontos de atenção em Brasília tem sido o chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos, que atinge fortemente os produtos florestais brasileiros. Castanheira critica a postura do governo federal diante do tema. “Vemos pouca reação do governo brasileiro. Não há uma negociação clara com os norte-americanos, e isso tem impacto direto no setor. Defendemos que cada segmento seja tratado de forma específica em mesas de negociação, mas não vemos essa mobilização por parte de Brasília”, ressaltou.
Nesse sentido, a ASBR conseguiu aprovar uma proposta de moção na Câmara Setorial de Florestas Plantadas do Ministério da Agricultura e Pecuária, solicitando ao governo federal que apresente as ações que o ministério, responsável pela condução da política agrícola para florestas plantadas, está fazendo com relação ao setor.
Segundo ele, a ausência de articulação coloca o setor florestal em posição de fragilidade, mesmo sendo um dos mais afetados pela medida. Daí a importância da articulação realizada durante o encontro. “A reunião foi importante porque retomou uma discussão consistente sobre o fortalecimento da Associação Sul Brasileira. O setor precisa se organizar, especialmente diante das particularidades do Sul, como o plantio de pinus, a expansão do eucalipto e as dificuldades de licenciamento”, afirmou.