Foto: Fernando Dias/Secretaria de Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul
Automação em florestas plantadas já é realidade no segmento, responsável por movimentar mais de R$ 27 bilhões ao ano. Empresas têm máquinas que garantem maior precisão e produtividade no plantio.
O Brasil é líder mundial na exportação de celulose, com um volume de US$ 12,7 bilhões (R$ 72,8 bilhões) em 2024 e o segundo melhor desempenho exportador da última década, de acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ).
O resultado espelha a ascensão da silvicultura, ramo do agronegócio voltado para o fornecimento de matéria-prima obtida por meio de florestas plantadas e que tem ganhado o impulso com novas tecnologias para atender uma demanda global cada vez maior.
A silvicultura representa 1,3% do PIB agro brasileiro e movimenta mais de R$ 27 bilhões por ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O segmento é voltado ao cultivo, manejo e aproveitamento sustentável de florestas plantadas, principalmente para a produção de madeira, papel, celulose, biomassa e outros derivados.
Além disso, envolve técnicas específicas para o plantio e conservação de espécies como eucalipto e pinus, garantindo produtividade, preservação ambiental e fornecimento contínuo de matéria-prima para diversas indústrias.
De acordo com dados da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS), elaborada pelo IBGE, o valor de produção da silvicultura e da extração vegetal alcançou, em 2023, um recorde de R$ 33,7 bilhões, com aumento de 11,9% em relação ao ano anterior.
Para 2025, as projeções indicam um cenário ainda mais promissor. A demanda global por produtos renováveis e práticas sustentáveis tende a crescer, o que deve impulsionar o setor florestal brasileiro, com destaque para florestas de mogno africano, que apresentam grande potencial para investimentos.
Capacidade e otimização de tempo
Nesse cenário de crescimento acelerado, a tecnologia tem desempenhado um papel importante para otimizar a produção. Na Agrishow, uma das maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo, que acontece esta semana em Ribeirão Preto (SP), a Komatsu apresenta uma plantadeira automatizada de florestas capaz de realizar quatro operações em um só processo: formação da bacia, plantio da muda, adubação e irrigação.
A PC240 Planter carrega quase 2 mil mudas de uma só vez, além de 900 quilos de fertilizantes e tem um reservatório para 6,1 mil litros de água, o que reduz as paradas para reabastecimento. Em uma hora, o equipamento tem a capacidade de plantar 600 mudas, o triplo do que outras tecnologias produziam antes.
Segundo Marinho, tecnologias como essas, focadas no plantio, ainda estão se consolidando, mas o Brasil é uma referência mundial. “Ele na sua essência já é avançado porque faz o plantio, coisa que a gente não tinha até três, quatro anos atrás. (…) Ele consegue entregar uma produtividade”, diz.
Além disso, a máquina, embarcada com tecnologias de georreferenciamento e controle de dados, é projetada tanto para áreas planas quanto para terrenos com até 19 graus em declive. “Hoje a florestal na sua maioria trabalha em condições de topografias acima de 10 graus. (…) Estava faltando e essa máquina veio pra fechar essa lacuna.”
Precisão, geolocalização de mudas e alta produtividade
Na empresa do Marcello, uma das inovações mais promissoras é um robô de plantio que garante alta precisão e reduz os erros durante a aplicação de mudas. A tecnologia incorporada a uma das máquinas da empresa já conta com patentes no Brasil, Estados Unidos e Índia e é programada para evitar situações comuns como mudas inclinadas ou com substrato exposto e que comprometem o desenvolvimento da floresta.
Outra capacidade desenvolvida é o registro de geolocalização de cada muda plantada, informação compartilhada com outros equipamentos, permitindo irrigação e adubação de precisão com base em dados reais. Em termos práticos, isso representa um desempenho maior, com o envolvimento de menos pessoas.
“Uma equipe tradicional com nove pessoas planta cerca de 0,8 hectare por hora. A Forest.Bot planta até 1,2 hectare por hora com apenas dois operadores e ainda reduz o custo total do plantio em até um terço”, explica o fundador da AutoAgroMachines.
Com autonomia para operar até 20 horas por dia, a máquina garante operações contínuas com logística de apoio já adaptada à rotina de campo. “Ela reduz a exposição de trabalhadores a riscos, diminui o número de equipamentos no campo e garante maior qualidade de plantio. Isso fortalece pilares fundamentais das práticas ESG.”
Apesar de ter sido pensada inicialmente para eucalipto e pinus, a tecnologia também é compatível com outras espécies. Atualmente, a empresa está adaptando a máquina para o plantio de árvores frutíferas como laranja, limão e tangerina.