O pesquisador Eduardo Delgado Assad, da Embrapa Informática Agropecuária, é um dos homenageados da 65ª edição do Prêmio Fundação Bunge, concedido anualmente a personalidades de destaque em diversos ramos das Ciências, das Letras e das Artes nacionais. Assad foi contemplado na categoria Vida e Obra, na área de Ciências Agrárias, que neste ano tem como tema “O Impacto das Mudanças Climáticas na Produção de Alimentos”. Nesta mesma área, na categoria Juventude, a homenageada é a pesquisadora Fabiani Denise Bender, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
A lista dos ganhadores foi anunciada pela Fundação Bunge no dia 30 de setembro e a cerimônia de premiação deverá ocorrer em novembro. O prêmio foi criado em 1955 como forma de incentivo à inovação e à disseminação do conhecimento no Brasil. Os candidatos são indicados por representantes das principais universidades e entidades científicas do País e os vencedores escolhidos por comissões técnicas, compostas por especialistas.
Para o pesquisador da Embrapa, ver o reconhecimento pelo conjunto do seu trabalho é sempre uma enorme satisfação. “Essa premiação também deve ser dedicada a todos que contribuíram para minha trajetória, incluindo vários colegas da Embrapa, das universidades e de outras instituições de pesquisa e entidades do setor produtivo”, ressalta.
Além das Ciências Agrárias, nesta edição do Prêmio Fundação Bunge também foram homenageados profissionais da área de Ciências Biológicas, Ecológicas e da Saúde: Prevenção de doenças infecciosas. O imunologista Ricardo Gazzinelli, presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), conquistou o prêmio na categoria Vida e Obra. Já na categoria Juventude, o escolhido foi Tiago Antônio de Oliveira Mendes, professor da Universidade Federal de Viçosa.
Mudanças climáticas
Em 2021, a Fundação Bunge elegeu as mudanças climáticas como tema para a premiação, destacando o papel da ciência em prever cenários, antecipar dificuldades e oferecer soluções para a superação dos desafios impostos para a humanidade, sobretudo em relação à produção de alimentos.
“São quase trinta anos, estudando e tentando mostrar o que vem acontecendo e os impactos que o clima está causando na agricultura. Culturas como café, soja, milho, dentre várias outras, estão muito vulneráveis na região tropical. Ao eleger este tema, a Fundação Bunge mostra sua preocupação com o futuro da agricultura e da pecuária no Brasil, a exemplos de alguns setores que também estão se mobilizando em torno desta questão”, afirma Assad.
De acordo com o pesquisador, a busca pela mitigação dos efeitos das emissões dos gases de efeito estufa e os investimentos em adaptação estarão cada vez mais presentes nas pesquisas e discussões sobre sustentabilidade. “A produção equilibrada de grãos, fibras e proteínas exige a incorporação das mudanças climáticas na equação do sistema produtivo. Quem não fizer isso, estará fora do jogo. Esse não será o futuro. Já é o presente”, alerta.
Trajetória profissional
Engenheiro agrícola pela Universidade Federal de Viçosa, com mestrado e doutorado em manejo e ciências da água pela Universidade de Montpellier, da França, Eduardo Delgado Assad é pesquisador da Embrapa desde 1987 e reconhecido como pioneiro em estudos agroclimáticos e aquecimento global. Foi membro do comitê científico do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e atualmente é responsável pela coordenação técnico-científica do Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa, que integra a Quarta Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
Durante o período de 1996 a 2013, foi o coordenador técnico nacional do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), uma das principais bases de informação para o planejamento da produção e instrumento importante para orientar os programas de política agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Assad também foi um dos mentores do Plano ABC – Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, lançado em 2013 pelo Mapa e, em 2011, atuou como secretario de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente.
O pesquisador é autor de 175 trabalhos científicos, publicados em revistas nacionais e internacionais, livros e capítulos de livros, e coordenou cerca de 16 projetos nas áreas de mudanças climáticas e agricultura, segurança alimentar e agroclimatologia. Ele também é professor do curso de mestrado em agronegócio da Fundação Getulio Vargas.
Foto: Demian Golovaty