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Danos em araucárias no Chile é tema de reunião entre pesquisadores de três países

Pesquisadores da Argentina, Brasil e Chile estiveram reunidos entre 08 e 10 de novembro em Villarica, no Chile
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Pesquisadores da Argentina, Brasil e Chile estiveram reunidos de 08 a 10 de novembro em Villarica, no Chile, para discutir as possibilidades de identificação e controle de enfermidade que vem atingindo a Araucaria araucana, espécie de araucária daquele país.

O Chefe-Geral da Embrapa Florestas, Edson Tadeu Iede, e os pesquisadores Celso Auer, Ivar Wendling e Erich Schaitza fizeram parte do grupo. Durante sua apresentação, Iede falou da importância da cooperação Brasil-Chile e da parceria efetiva que a Embrapa Florestas estabeleceu com o Conaf, SAG e outras instituições chilenas ao longo de quase 3 décadas. “No Brasil, não temos Araucaria araucana. Aqui a Araucaria angustifolia é a representante do gênero. Temos 40 anos de pesquisa com pinheiros e trabalhos nas mais variadas áreas. O problema chileno não ocorre nas nossas florestas”, ressaltou Iede.

Embora haja indicação de que o problema é causado por fungos, ainda há dúvidas sobre quais são os agentes causais e como interagem com outros fatores, como a mudança de clima. Analisando a reunião, os pesquisadores da Unidade ressaltam que a oportunidade de acompanhar todo o processo de identificação do problema e construção de uma solução é importantíssimo tanto do ponto de vista científico como organizacional. “A FAO e o CONAF tem uma capacidade de articulação impressionante e trouxeram para a mesma mesa pesquisadores públicos, agências de desenvolvimento, empresas privadas e experts internacional”, afirma Erich Schaitza.

Celso Auer fez um balanço da situação de doenças ligadas a Araucária no Brasil. Embora haja registros de ocorrência de uma série de patógenos, não se pode dizer que a Araucária tenha problemas de sanidade sérios como os enfrentados pelos chilenos.

Completando as apresentações, Ivar Wendling mostrou como tem tratado a silvicultura da Araucaria angustifolia e apresentou as técnicas de propagação vegetativa que tem usado tanto para a produção de sementes como de madeira. Os técnicos chilenos acreditam que a experiência com sanidade e também com silvicultura da Araucária podem agilizar seus programas de conservação.

Segundo o diretor executivo  da Conaf, Aaron Cavieres, mais de 300 milhões de pesos (cerca de R$1,56 milhão) já foram investidos em pesquisa e ainda há muito a ser feito. Cavieres relatou que as condições climáticas do último inverno, com o aumento da neve e a diminuição da temperatura, colaboraram para diminuir a propagação dos danos, mas, mesmo assim, a situação é preocupante.

Para Ivar Wendling foi interessante a estratégia Chilena de junção e discussão de especialistas nos temas araucária, sanidade e mudanças climáticas. “O que concluímos é que ainda é cedo para afirmar que os danos na espécie tratam-se de doenças ou fatores abióticos relacionados ao clima. Ao meu ver, são uma interação de fatores ambientais (abióticos), principalmente a seca forte da última estação de crescimento, juntamente com fatores bióticos ainda não identificados. A equipe chilena ficou interessada em utilizar as técnicas de resgate e multiplicação vegetativa da Araucaria angustifolia desenvolvidas na Embrapa para aplicação na conservação da Araucaria chilena”, explica Wendling.

Em setembro, a Embrapa Florestas recebeu três profissionais da Conaf que vieram em busca de cooperação técnica para solução do problema. Aida Baldini, Patrício Parra e Alex Parra estiveram reunidos com os pesquisadores e apresentaram as linhas de pesquisa seguidas pela equipe chilena, com apoio do US Forest e da FAO: identificação de agentes patológicos, identificação de agentes entomológicos e condições bioclimáticas. Na ocasião, Baldini relatou que apenas 6% das araucárias monitoradas pela equipe estavam sãs. A ocorrência da doença era maior próxima à Cordilheira dos Andes e os viveiros também estavam sendo atingidos.

Como resultado da reunião da última semana, foram estabelecidas linhas gerais de dois projetos a serem elaborados, sendo um pela equipe Chilena e outro pela Argentina. A Embrapa se colocou à disposição para participar como membro destes projetos. Na sequência, também será discutida a elaboração de um acordo de cooperação entre a CONAF e a Embrapa Florestas para aprofundar estudos na área de propagação vegetativa das duas Araucarias, com recursos financeiros do CONAF e a participação de cientistas chilenos e da Embrapa. Ivar Wendling deverá conduzir essas discussões, com apoio da área de cooperação internacional.

 Fonte:

Paula Saiz (Conrerp 3453)
Embrapa Florestas