Na porção ocidental da península de Sicklaön, ao sul de Estocolmo, o bairro de Sickla está em obras. Iniciou-se em 2024 e deve ser entregue entre dezembro de 2025 e março de 2026.
É uma construção gigantesca, mas surpreendentemente silenciosa e limpa — sem cimento, concreto, aço, britadeiras, betoneiras ou réguas vibratórias. Em uma área de 250 mil metros quadrados, ergue-se uma nova “cidade”.
Mas não uma cidade qualquer… Stockholm Wood City, como o próprio nome sinaliza, é uma cidade de madeira. Sob o comando da empresa de desenvolvimento urbano Atrium Ljungberg e com um investimento de US$ 1,25 bilhão, o empreendimento promete ser o mais ousado projeto de arquitetura sustentável do mundo. Quando concluído, a previsão é que o bairro tenha espaço para duas mil moradias e sete mil escritórios.
A Stockholm Wood City foi apresentada como uma iniciativa para tornar a construção civil mais sustentável, além de provar a viabilidade de erguer amplos edifícios usando painéis ultra resistentes feitos com madeira de reflorestamento, conhecidos pela sigla CLT (inglês para “madeira laminada cruzada”). O CLT permite, inclusive, fazer prédios mais altos do que o habitual quando se usa a madeira como matéria-prima principal, além de ser especialmente robusto contra o fogo, sempre uma preocupação quando se fala desse material.
Que a Suécia seja escolhida para receber um projeto do tipo não é casualidade. Além de ser majoritariamente coberto por florestas, o país é pioneiro na preservação ambiental: desde o começo do século 20, a legislação local exige que cada árvore derrubada para uso comercial seja necessariamente compensada com replantio, fazendo com que o país tenha hoje mais árvores do que 100 anos atrás.
Os idealizadores da Wood City citam estudos que sugerem que, se 80% da indústria da construção trocasse o concreto e o aço por madeira, seria possível contrabalançar até metade das emissões de carbono do setor de construção na Europa – uma ajuda substancial na busca por mitigar a piora das mudanças climáticas.
Além dos benefícios de longo prazo, os imóveis de madeira também teriam impactos imediatos: a construção em si é menos ruidosa e mais rápida. Acredita-se que o ambiente criado nos bairros sustentáveis também seja benéfico para a qualidade de vida dos moradores – mas a própria Wood City será um estudo de caso para cravar até que ponto essa impressão se confirma na prática.