As florestas plantadas são, hoje, a chave para as mudanças necessárias e urgentes que o mundo precisa, pois aliam conservação e sustentabilidade e dão origem a uma matéria-prima renovável, com mínimo impacto ambiental, que captura e fixa carbono, entre outros inúmeros benefícios. No Brasil, a área florestal plantada soma aproximadamente 10 milhões de hectares, sendo a maior parte dos gêneros pinus e eucalipto, com espaço para crescimento. E, recentemente, o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) defendeu que uma das prioridades globais é ampliar a área de florestas ao redor do mundo e promover o manejo sustentável. Ou seja, o momento é bom para o setor florestal, na avaliação do presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE), Zaid Ahmad Nasser.
“Temos uma das maiores produtividades do mundo e potencial para crescer. Nos últimos dois anos, com o coronavírus, comprovamos a nossa capacidade de se adequar a qualquer tipo de crise, pois conseguimos converter, reverter, manter e expandir o mercado durante a pandemia. Tudo isso, aliado à forma como dirigimos nossa cadeia produtiva diversificada, faz com que o setor seja atraente tanto para os mercados interno e externo como para investimentos. E, nos últimos meses, acompanhamos anúncios de novos recursos. Portanto, se há investimento em expansão, significa que há mapeamento e segurança de nossa capacidade”, destaca.
Nasser reforçou, ainda, que os números do setor florestal são expressivos e que, quando olhamos para o Paraná, o destaque é ainda maior. Segundo o Estudo Setorial da APRE, lançado no fim de 2022, o estado possui 1,17 milhão de hectares plantados com árvores para fins comerciais e, mesmo ocupando apenas 5% da área territorial paranaense, o segmento é responsável por 25% do volume de toda a madeira produzida no Brasil. Do gênero pinus, a maior área, 60,6%, está no Paraná, produzindo 55% do volume do país. Além disso, o estado concentra 16,5% de todos os empregos gerados pelo segmento florestal brasileiro.
“Estamos em terceiro lugar em área plantada do Brasil. Se convertermos as áreas degradadas em florestas, podemos chegar ao segundo lugar. Ou seja, temos área para expansão. E é importante reforçar que, quando falamos em expansão, não estamos falando em abrir novas áreas para plantio, mas, sim, converter áreas que não têm aptidão para agricultura, tornando-as áreas florestais. Temos conhecimento para isso, pois investimos muito em pesquisa genética e desenvolvimento de técnicas de manejo, que garantem, ainda, aumento de produtividade e mais qualidade à madeira”, explicou.
Também é importante mencionar, segundo ele, que o setor florestal ajuda a desenvolver, social e economicamente, as cidades no entorno das áreas plantadas e das indústrias, com investimentos de caráter profissional e social e em infraestrutura. Outro ponto de destaque é com relação à sustentabilidade, já que a atividade é pautada no compromisso com o meio ambiente e com os recursos naturais – no estado, para cada hectare plantado, existe aproximadamente outro hectare conservado.
“Todos esses dados reforçam a importância do setor para a economia do Paraná e para a sociedade como um todo. Temos, pela frente, um cenário promissor e, ao mesmo tempo, desafiador. Precisamos aproveitar esse momento para estimular as mudanças urgentes, começando, por exemplo, com o incentivo à substituição de produtos fósseis por produtos provenientes das florestas plantadas. Existe, ainda, uma excelente perspectiva no mercado de carbono, em que temos potencial para colocar o país na ponta. Agora, precisamos trabalhar para que esses avanços sejam realidade”, completa.
Metodologias para facilitar diagnóstico do setor
Com a expectativa de um bom cenário para os próximos anos, é fundamental que as empresas mantenham um planejamento florestal confiável para subsidiar as decisões estratégicas e agregar valor à atividade. Pensando nisso, a APRE lançou uma ferramenta inédita: um painel interativo com dados atualizados sobre o segmento de florestas plantadas. A partir dele, todos os interessados – empresas, órgãos públicos, imprensa ou sociedade – terão acesso rápido e descomplicado às informações do Estudo Setorial APRE 2022 em âmbito estadual e por município, com diversos filtros, como área plantada, gênero, principal produto florestal, Valor Bruto de Produção e muito mais. O painel está disponível no site www.https://apreflorestas.com.br/wp-content/uploads/2020/10/iba-1.jpg.com.br
Além disso, a Associação também participou do projeto da Embrapa Florestas para desenvolver uma solução para facilitar o acesso, a organização e o tratamento de várias bases de dados sobre o setor.
Segundo José Mauro Paz Moreira, pesquisador da Embrapa Florestas e um dos idealizadores do trabalho, a metodologia permite um melhor diagnóstico do segmento, com informações em escala regional e nacional, inclusive com detalhamento municipal, dependendo da disponibilidade de dados.
A ferramenta utiliza um conjunto de procedimentos informatizados baseados em rotinas desenvolvidas em R, linguagem de programação estatística e gráfica para buscar dados dispersos em várias bases, tratá-los e deixá-los acessíveis.
“Com isso, os tomadores de decisão da área poderão acessar as informações publicamente disponíveis sobre produção florestal e área plantada de florestas no Brasil, também os dados de exportação e produção de florestas no mundo, e utilizar isso para a tomada de decisão nos seus negócios ou na formulação de políticas públicas”, explica Moreira.
Para Zaid Ahmad Nasser, presidente da APRE, o objetivo é trazer aplicabilidade para o que é desenvolvido no setor. “Isso ajuda a suprir uma demanda constante das associações e entidades que representam o setor florestal, pois precisamos saber a participação da produção florestal no desenvolvimento de determinada região”, reforça.
Foto: Zig Koch – Banco de imagens APRE
Publicação: Revista Madeira Total