“Acredito que o setor [agropecuário] deve se adaptar a um novo mercado que busca reduzir os impactos das mudanças climáticas. O Brasil tem potencial para conduzir essa transformação de paradigmas, garantindo mais produção e mais conservação e, ao mesmo tempo, atendendo às demandas do mercado moderno”, afirmou o diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), André Guimarães, durante a 21ª edição do Congresso Brasileiro do Agronegócio, que ocorreu nesta segunda-feira (1º/8), em São Paulo.
Guimarães participou do evento, organizado pela Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), como moderador do painel “Agronegócio: Meio Ambiente e Mercados”, que concentrou as discussões em torno de um Brasil mais competitivo e, acima de tudo, mais sustentável. De acordo com os especialistas presentes, tal concorrência deve ser incentivada, obtendo apoio dos mercados globais que acompanham as políticas públicas relacionadas à proteção do meio ambiente.
Focar no que deu certo
Na ocasião, Guimarães comentou acerca da produção agropecuária no Brasil. “Não há dúvidas sobre o êxito de um país que em 40, 50 anos passou de um importador de alimentos a um dos maiores exportadores de alimentos e de commodities agrícolas de fibras do mundo.”
O sucesso da agropecuária brasileira, explicou o diretor, se deve a uma série de fatores que englobam avanços na ciência; investimento; dedicação dos agricultores; e às condições ambientais privilegiadas do Brasil – chuvas, terras, solos. “Mas o processo que nos trouxe aos dias de hoje, que pressupôs a expansão da fronteira agrícola, deve ser substituído por outro, que se fundamenta na intensificação, na recuperação e na conservação ambiental”, sugeriu.
“O Brasil só tem a se beneficiar ao cumprir metas e objetivos estabelecidos pela agenda climática no que se refere ao combate ao desmatamento ilegal e às perdas dos biomas e ecossistemas”, complementa Guimarães. “É um diálogo que continua, pois o desafio de integrarmos esses olhares, é permanente. E temos tudo para fazê-lo: a ciência, a criatividade financeira, a liderança empresarial, a vocação para o diálogo. Precisamos encontrar caminhos e mostrar para o planeta que temos condições de fazer uma nova revolução no campo, assim como fizemos há anos atrás.”
Participaram do painel a superintendente de Relacionamento com Clientes da B3, Fabiana Perobelli; o professor-titular e coordenador do Laboratório de Genômica e Bioenergia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Gonçalo Pereira; o embaixador e cofaciliutadorda Coalizão Brasil – Clima, Florestas e Agricultura, José Carlos da Fonseca Júnior; e a diretora de Sustentabilidade da Friboi/JBS e vice-presidente da Abag, Liegé Vergili Correia; e o embaixador e cofacilitador da Coalizão Brasil – Clima, Florestas e Agricultura, José Carlos da Fonseca.
O embaixador afirmou durante o painel que o Congresso trouxe exemplos comprovados que colocam em xeque a ideia de que desenvolvimento e sustentabilidade são antagônicos e contraditórios. “O Brasil saiu da defensiva para se tornar o protagonista na elaboração de leis de sustentabilidade, em âmbito internacional. Esse movimento ajudou a escrever as regras do Sistema Internacional de Regime de Normas Sustentáveis, do qual falamos até hoje”, lembrou.
Liegé Correia, por sua vez, ressaltou que o desenvolvimento só existe se for sustentável, e que esse mote precisa ser levado aos parceiros. “Não precisamos apenas ser, precisamos demonstrar e trazer todos os outros, juntos como setor e como país”. Para a vice-presidente da Abag, é imprescindível ainda que o Código Florestal seja implementado: “Só assim poderemos resolver, em definitivo, a questão do desmatamento ilegal.”
Sobre o evento
O evento foi dividido em quatro painéis referentes a: geopolítica; segurança alimentar e interesses; tecnologia e informação; e perspectivas 2023/2026. Neste ano, o tema central do Congresso foi “Integrar para fortalecer”.
Dentre os presentes, estiveram autoridades como os ministros do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes; o governador do Estado de São Paulo, Rodrigo Garcia; o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Francisco Matturro; o presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho; e o CEO da B3, Gilson Finkelsztain.
O objetivo foi reunir especialistas de diferentes setores para discutir questões econômicas, fiscais, jurídicas e políticas para a manutenção do agronegócio brasileiro.