Com o objetivo de debater as oportunidades e os desafios relacionados à Bioeconomia, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizou no dia 26 de novembro o Fórum Bioeconomia e a Indústria Brasileira. Alexandre Alonso, chefe-geral da Embrapa Agroenergia, participou do painel “A Bioeconomia como Estratégia de Desenvolvimento”, ao lado de empresas como CropLife Brasil, L’Oréal Brasil, Raízen e Natura.
Uma das definições de bioeconomia é a que essa nova economia consiste na geração de renda e riqueza a partir do desenvolvimento de produtos derivados de recursos biológicos com o uso de tecnologias inovadoras. Segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), na União Europeia, a bioeconomia criou 18 milhões de empregos e movimentou € 2,3 trilhões em 2015.
Sobre este assunto, Alonso falou da experiência da Embrapa na atuação em bioeconomia. “A Embrapa é a principal empresa de pesquisa agropecuária atuante nos trópicos e tem a bioeconomia como uma das suas agendas mais estratégicas”, disse, lembrando que a empresa lançou recentemente o seu VII Plano Diretor da Embrapa e que as pesquisas com bioeconomia estão no cerne do que a empresa faz.
Alonso também falou da Embrapa Agroenergia, centro que dirige, cuja agenda é inteiramente focada no desenvolvimento de novas tecnologias e novos ativos tecnológicos para inserção no mercado de inovação em duas grandes vertentes, biocombustíveis e bioprodutos. “Essas duas cadeias de valor são bastante grandes nesse conceito da bioeconomia e é interessante poder discutir qual o papel da ciência, da tecnologia, da pesquisa, do desenvolvimento e da inovação na consolidação dessa bioeconomia”, afirmou.
Os debates do fórum tiveram como foco a busca por estratégias que promovam eficiência no uso dos recursos naturais e na adequada adoção de tecnologias e processos industriais. Com 20% do total da biodiversidade do mundo, 12% das reservas de água doce, 8,5 milhões de km² de território e 3,6 milhões de km² de zona marítima, o Brasil tem como um de seus maiores desafios agregar valor e transformar essas vantagens comparativas em competitivas.
Desafios para a inovação
Alonso também falou sobre as principais dificuldades para se promover a inovação no Brasil. “Para começar, precisamos pensar no próprio conceito de inovação, que pressupõe a introdução de uma novidade, um aperfeiçoamento no ambiente produtivo e social que vai resultar em novos produtos, serviços ou processos”, disse Alexandre.
Nesse sentido, Alonso afirmou que é preciso ter atenção à necessidade de estimular cada vez mais a proximidade entre as instituições de ciência, tecnologia e inovação, no qual a Embrapa está incluída, com empresas que atuam no segmento produtivo. “Precisamos favorecer o processo de codesenvolvimento e somar esforços para criar uma nova solução tecnológica, um novo produto, e também para facilitar o processo de transferência de tecnologia”.
Outro ponto abordado por Alonso foi a necessidade de estimular uma cultura de inovação no País, nas indústrias e empresas brasileiras, a fim de favorecer os ambientes de negócio. “Comentamos muito aqui sobre transição energética e para uma economia de baixo carbono. Eu acho que a gente carece de uma estratégia, um roadmap para essa transição que aponte efetivamente quais mercados, produtos, em quais horizontes de tempo, e acho que se somarmos esforços entre esses vários atores podemos construir esse roadmap e a partir dele ganhar sinergia entre diversos atores”, afirmou.
Alonso falou também da inovação aberta, e citou que pouquíssimas empresas no mundo detém conhecimento, infraestrutura e capacidade de realizarem pesquisa, desenvolvimento e inovação de modo fechado, por conta própria, então é preciso estimular essa interação pela inovação aberta.
Por fim, falou sobre o potencial brasileiro para adentrar na nova bioeconomia: “Temos uma agricultura pujante, muito diversificada, que atua num componente ambiental de preservação muito forte. E estamos caminhando para uma agricultura multifuncional, na qual não é produzido um único produto, mas vários, e aproveitar essa oportunidade que a agricultura brasileira nos fornece é fundamental”, disse.
“Temos a possibilidade concreta, com ciência e inovação, para valorar de forma sustentável essa biodiversidade procurando bioativos e moléculas químicas de valor agregado. Isso somado ao ambiente de inovação efervescente que temos no Brasil, junto com a indústria empreendedora e inovadora, cria um ambiente muito favorável para equacionar algumas dificuldades e deslanchar no campo da Bioeconomia. O Brasil tem não somente potencial como efetivamente vai ajudar a liderar essa transição energética para uma economia de baixo carbono no mundo”, finalizou.
Para assistir à palestra de Alexandre Alonso e dos demais convidados no Fórum Bioeconomia e a Indústria Brasileira promovido pela CNI, clique aqui.
Irene Santana (Mtb 11.354/DF)
Embrapa Agroenergia