Nesta terça-feira (21/09), em comemoração ao Dia da Árvore, a Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF) lançou o relatório Bahia Florestal 2021: Oportunidades de Investimentos Verdes. O evento foi transmitido ao vivo pelo canal da Malinovski no YouTube e teve a mediação do CEO da empresa e engenheiro florestal Ricardo Malinovski. O lançamento contou com 492 pessoas inscritas de 22 estados.
A abertura foi conduzida pelo presidente da ABAF, Moacyr Fantini Junior, que também é diretor florestal na Veracel Celulose, cuja planta está instalada em Eunápolis/BA. Fantini falou com propriedade sobre os reflexos deste segmento econômico para a sociedade e para o meio ambiente. Destacou algumas atividades sustentáveis, em especial da Veracel e de outras associadas da ABAF e reforçou a importância do setor na geração de empregos e na sustentabilidade. “Estamos comemorando 30 anos desenvolvendo o setor de base florestal no Sul da Bahia. Quem conheceu este território há 30 anos e vê como está hoje, percebe nitidamente seu desenvolvimento”, afirmou ele.
O secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE), Nelson Leal, lembrou que acompanhou as mudanças e transformações dos vetores econômicos no estado, entre eles o de base florestal. “Fui presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara de Deputados e sempre fui um entusiasta do setor. É um importante vetor de crescimento e de sustentabilidade. E, sobretudo, de oportunidade para a fixação do homem no campo. Mudou a cara da Região do Extremo Sul da Bahia. Percebo o quanto essa região tem crescido e se desenvolvido”, disse o secretário.
João Leão, vice-governador da Bahia e secretário do Planejamento do Estado da Bahia (Seplan), também participou do lançamento e lembrou que quando ocupou a Seplan pela primeira vez, a receita do estado estava concentrada (79%) na Região Metropolitana. “Atualmente a Região Metropolitana corresponde a 72% da receita estadual. Não é que a receita na Região Metropolitana diminuiu, mas sim que ela subiu no interior e litoral”, explicou ele. Como exemplo, o vice-governador lembrou que o Extremo Sul da Bahia, que tem forte vocação florestal, quase dobrou a arrecadação nos últimos anos, de 1% para 1,88%.
Para o presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Paulo Hartung, o mundo vive um desafio de urgência climática. “Um país como o Brasil, que tem a maior floresta tropical do mundo, com a maior biodiversidade do planeta e uma matriz energética diferenciada, pode ter um protagonismo mundial”, afirmou ele. “A questão do clima é talvez o maior desafio que o planeta enfrenta neste momento. É importante que a gente entenda esses movimentos e essas tendências. Quando olhamos para o consumidor hoje, vemos pessoas mais conscientes e exigentes. Os produtos de florestas plantadas são um substituto para produtos de origem fóssil”, defendeu Hartung, que lembrou também que o setor planta um milhão de árvores por dia. “Temos uma área de cultivo de 9 milhões de hectares e 5,9 milhões de hectares com florestas nativas que o setor conserva. São números significativos. E é uma visão estratégica.”
Para o presidente da Ibá, a Bahia é um estado importante no setor, pois tem uma área cultivada que passa de 600 mil hectares e é sede de empresas importantíssimas da cadeia produtiva. Outro ponto levantado por Paulo Hartung foi referente ao processo de desindustrialização pelo qual o Brasil está passando, por razões diversas. “Nessa tendência, o setor de árvores cultivadas vive em ascensão, e isso acontece ano a ano, desde a década de 1970. A carteira de investimentos do setor em um prazo curto (2024) passa de R$ 50 bilhões. Em um momento de recessão no Brasil (2015 e 2016), o setor de árvores cultivadas estava investindo mais de R$ 18 bilhões. Temos as florestas mais produtivas do planeta. Nossos produtos competem na Ásia, Europa, América do Norte”. Ele também citou investimentos gigantescos da Suzano em Mato Grosso do Sul, em áreas anteriormente degradadas por atividades humanas, e que agora são recuperadas e ocupadas por uma atividade sustentável, que melhora a qualidade de vida e aumenta o índice de desenvolvimento humano.
O diretor executivo da ABAF e economista, Wilson Andrade, fez um breve histórico e comentou sobre a atuação da associação. Destacou as relações interinstitucionais como forma de fortalecer o setor. “Vemos o entusiasmo do Governo do estado, que se compromete em nos ajudar neste programa, que é implementar o setor na Bahia. Estamos ligados a fortes setores em crescimento: papel e celulose, embalagens, grãos, construção civil, siderurgia, móveis, têxtil, pellets e energia.” Segundo Andrade, um dos principais objetivos da ABAF é integrar pequenos e médios produtores e processadores de madeira de origem plantada para usos múltiplos. “O mercado é imenso, são 5 mil produtos e novas demandas por novos produtos ambientalmente favoráveis estão chegando e este mercado precisa ser atendido.”
O diretor executivo da ABAF também reforçou que o setor foi um dos pioneiros na certificação, tanto de florestas quanto de produtos de origem florestal. Lembrou que a Bahia tem 521 empresas ativas ligadas ao setor, proporcionando melhores condições sociais e ambientais nas áreas de atuação. “Investimentos voluntários de empresas de base florestal em programas socioambientais hoje beneficiam 598 mil pessoas na Bahia”, disse ele.
Ele também mencionou a produtividade para segmento de celulose e celulose solúvel, que responde por 15% da produção nacional. E que o setor de base florestal em geral, que planta em média 70 mil árvores por dia dentro do estado, responde por 5% do PIB baiano e 4% de todos os tributos arrecadados. Por último, Wilson destacou alguns motivos para acreditar nas oportunidades para investimentos verdes. “Temos 310 mil hectares de área preservada e representamos um setor fundamental para a redução das mudanças climáticas. É um setor de multiprodutos. E a ABAF está disposta a apoiar investimentos na Bahia”, convidou ele.
A diretora de Fomento ao Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia, Júlia Trindade, encerrou o encontro falando sobre os processos de instalação de novas empresas na Bahia. “Recepcionamos empresas que queiram investir no estado. Atuamos na concessão das áreas e incentivos fiscais. Também damos apoio institucional e canalizamos as fases de implantação e pós-implantação para facilitar estes processos.”
Júlia lembrou que o PIB baiano em 2020 foi de R$ 303 bilhões e a produção de papel e celulose teve parcela significativa nestes números. A diretora informou que entre os objetivos do Governo estadual está a atração de fabricantes de papel, higiene pessoal e outros derivados de celulose. “Também queremos trazer para a Bahia fabricantes de móveis e painéis reconstituídos, pois quase a totalidade dos móveis de madeira vem da Região Sul. Queremos atrair fabricantes de móveis e de equipamentos para o setor.”
Além de um passo a passo para o processo de instalação de empresas em território baiano, Julia Trindade lembrou da parceria de longa data do Governo do estadual com a ABAF. “Mesmo antes da pandemia nós estabelecemos uma agenda positiva para melhorar as condições do setor, que estava dividida em quatro tópicos principais: segurança jurídica, meio ambiente, logística e infraestrutura, incentivo a produção e liberação dos créditos fiscais”, concluiu ela.
O diretor executivo da ABAF, Wilson Andrade, finalizou o encontro com uma mensagem otimista para o setor de base florestal na Bahia e no Brasil: “Nós acreditamos no setor e queremos fazer a Bahia crescer, como o Brasil está crescendo, na área florestal. Estamos inteiramente à disposição do Governo do estado, assim como das entidades empresariais e dos municípios baianos. Estamos de braços abertos para investidores e pessoas dos 22 estados brasileiros que participaram do nosso encontro.”
O lançamento do relatório Bahia Florestal 2021 está disponível na íntegra dentro do canal da Malinovski no YouTube (malinovskioficial).
Acesse o relatório neste link.