A água é um dos recursos naturais mais importantes à vida no planeta. O setor de celulose e papel, baseado no conceito de desenvolvimento sustentável em sua produção, vem há muito tempo trabalhando para reduzir cada vez mais a captação de água nas fontes, a partir de tecnologias avançadas, e dedicando atenção cada vez maior para devolver ao meio ambiente recursos hídricos ainda mais limpos ao término do processo industrial.
A constante busca por práticas mais eficientes no uso da água pela indústria de base florestal pode ser comprovada pelos seguintes indicadores: nos anos 1960, por exemplo, o consumo específico dos processos de celulose apresentava valores em torno de 200 m³/tsa (tonelada de celulose seca ao ar), ao passo que, atualmente, novos empreendimentos apresentam consumo específico em torno de 20 m³/tsa.
Fato que demonstra o comprometimento dos fabricantes de celulose e papel com a preservação da água já de longa data, posicionando-se como um setor que age preventivamente e tem planos, ações, desenvolvimentos tecnológicos, pesquisas e inovações em favor do uso efetivamente otimizado desse insumo. Ademais, o Brasil, segundo a ANA – Agência Nacional de Águas (2007) –, tem posição privilegiada no mundo em relação à disponibilidade de recursos hídricos.
A vazão média anual dos rios em território brasileiro é de cerca de 180 mil m3 /s, o que corresponde a aproximadamente 53% da produção de água doce superficial do continente sul-americano e a 12% da disponibilidade mundial. Contudo, todo o processo de implantação, manejo e colheita florestal utiliza os recursos hídricos de forma racional, não gerando dessecação de lençóis freáticos ou mananciais, como já observam estudos diversos (BROWN, 2007 1).
Em sua célebre obra, “Florestas Plantadas e a Água”, o professor Walter de Paula Lima, demonstrou que as florestas plantadas de pinus e eucaliptos geram menores impactos em bacias hidrográficas do que a mata nativa, considerando desde a fase inicial até seu estágio clímax. Além disso, as perdas de solo/hectare plantado são muito menores em florestas plantadas pelo setor de celulose e papel em comparação com outras culturas do agronegócio.
Mesmo diante dessas e outras vantagens comparativas a indústria de celulose e papel continua fazendo sua lição de casa nas últimas cinco décadas, com expressivos investimentos em pesquisas e desenvolvimento de tecnologias, equipamentos, recursos humanos voltados à conservação da água, reuso e manutenção de fontes, mananciais e reservas para as futuras gerações.
Os recentes projetos industriais, inaugurados nos últimos 15 anos, são referências em avanços tecnológicos com redução e tratamento de águas industriais, a exemplo do circuito fechado, em que a água é prévia e integralmente tratada e, então, utilizada, para ser recirculada em seu processo industrial e posteriormente tratada em Estações de Tratamento de Efluente (ETE) que seriam capazes de tratar esgotos de cidades de 100 mil habitantes. Da mesma forma, estes efluentes tratados atendem a rigorosos padrões internacionalmente reconhecidos, obedecendo a limites e parâmetros das agências ambientais dos EUA, de países da União Européia e Canadá, por exemplo.
O volume de água captado por uma fábrica de celulose e papel atualmente é inexpressivo no contexto da bacia hidrográfica, ao se considerar o volume de água captado e o volume tratado que retorna para o corpo hídrico com padrões ambientais atendidos. Ora, isso é reflexo claro das melhores tecnologias disponíveis implantadas pelo setor de base florestal neste exercício constante de recircular, reutilizar a água e buscar empregar as melhores tecnologias disponíveis, mantendo as fontes hídricas em níveis de qualidade ambientalmente aceitáveis.
Está claro e cristalino, como a água que é captada e devolvida pelas empresas nos processos produtivos, que a indústria de florestas cultivadas possui um Sistema de Governança da Água. Prova disso é que nossos projetos floresta-fábrica são licenciados após severas análises técnicas e comprovação de atendimento a padrões ambientais rigorosos de emissões, cujos parâmetros e dados são verificados, validados e acreditados, tanto pelas agências reguladoras e órgãos ambientais, quanto pelos agentes de financiamento e bancos de desenvolvimento (IFC, Finnvera, CAF, etc.) que exigem rígidos estudos, devido à responsabilidade solidária nos aportes de investimentos.
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1 Brown et al., 2007. Predicting the impact of plantation forestry on water users at local and regional scales.
Sobre a ABTCP
A ABTCP – Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel – é uma entidade comprometida com o desenvolvimento técnico dos profissionais da cadeia produtiva do setor de base florestal e com a evolução da competitividade das empresas atuantes neste segmento. É uma das instituições técnicas mais respeitadas do mundo em sua área de atuação, tendo conquistado título de OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público –, pela comprovação do valor gerado em capacitação e informação de alto nível ao mercado. Edita livros e periódicos e mantém parcerias com institutos de pesquisa e universidades que são referências em formação e informação especializadas. Incentiva debates permanentes sobre soluções de melhoria aos processos produtivos, por meio do trabalho de suas Comissões Técnicas e capacita mais de mil profissionais anualmente, promovendo o intercâmbio técnico e o relacionamento entre empresas e profissionais.