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Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander, foi a convidada do Conselho Deliberativo da Ibá

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Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Banco Santander, foi a convidada especial do Conselho Deliberativo da Ibá. Vescovi fez uma análise sobre fragilidades e oportunidades para o país diante da conjuntura mundial.  Com mais de 100 pessoas, a reunião contou com a presença na sede da Ibá de Carlos Aguiar, um dos fundadores da Ibá.

Horacio Lafer Piva, presidente do Conselho da Ibá, agradeceu a presença de Vescovi e apresentou rapidamente o setor de árvores cultivadas para fins industriais que a entidade representa. “Este é um setor de longo prazo e parrudo, exportador de produtos e importador de serviços e equipamentos, além de um trabalho muito sustentável na floresta a na indústria. Por isso, temos uma visão macro. Enxergamos a floresta e não só a árvore”, disse.

Paulo Hartung, presidente executivo da Ibá, por sua vez, agradeceu essa oportunidade de uma conversa em um momento tão instável do mundo. “Estamos vendo um grande impacto na economia global puxada pandemia e os estímulos que os governos injetaram em seus países, e pela invasão da Rússia na Ucrânia. Por isso é fundamental ouvirmos alguém com tamanho conhecimento”, disse.

A economista iniciou sua fala alertando para duas oportunidades que o atual momento global cria para o país: o desencontro das cadeias globais de suprimento e a questão ambiental. “O Brasil tem uma imensa oportunidade, com a alteração das cadeias produtivas, por meio dos conceitos de near shoring e friend shoring. Isso nos torna ainda mais próximos dos EUA e até das cadeias europeias”, comentou. Com relação ao meio ambiente, Vescovi afirmou que “se o Brasil tiver uma pauta ambiental clara e pragmática, é outro game changer”.

“Internacionalmente isto pode ser um grande diferencial, inclusive na atração de capital. Tem o potencial, até mesmo, de nos ajudar a superar o desafio da perda do grau de investimento. Mas, claro, há a exigência da contrapartida da preservação ambiental. No nosso caso, isto está diretamente ligado à Amazônia. O mundo está atento a isto”, disse. 

Entre as forças do país, Ana Paula Vescovi cita que “temos um setor externo resiliente, Hoje temos um ativo externo líquido, reservas internacionais, câmbio flexível, além de ativos em dólar e passivos em reais. O que nos diferencia de vizinhos latinos”.

A economista, no entanto, alerta que “oportunidade não é uma coisa dada, temos que criar e aproveitar”. Assim, Ana Paula apontou pautas urgentes que precisam ser trabalhadas.

“Temos uma fragilidade fiscal. Tivemos com as commodities uma situação com grandes receitas e não soubemos aproveitar para nos reorganizar. As estimativas apontam para a volta do déficit em 2023. Perdemos a chance de navegar em um novo momento fiscal, enquanto o mundo está se apertando”, analisou. “Agora, passadas as eleições, também precisamos ficar atentos ao Congresso que demonstra a intenção de seguir com gastos altos. Este desarranjo nos tira oportunidades”.

Também foi pontuada a necessidade de uma reforma tributária. “Se fizéssemos uma reforma tributária, começando por bens e serviços, o Brasil poderia dar um salto. Importante que reforma tributária não é uma reforma fiscal, é uma reforma de eficiência”. Ainda diante da necessidade de enfrentar fragilidades, a economista comentou sobre educação. “A educação é um gargalo, mas podemos ter uma solução rápida se tivermos uma grande mobilização nacional. Sabemos como fazer e sabemos o que dá certo. E isso não é problema de financiamento, mas de gestão. A educação não é a solução de tudo, mas a formação de jovens tem alta taxa de retorno para o país, constrói uma sociedade mais justa, com pessoas mais capazes de criar um ambiente de negócios seguro e impulsionar o país”.

Por fim, Ana Paula apontou a sociedade civil brasileira como um ponto positivo. “O que vimos na pandemia e, mais recentemente, nos atos em defesa das instituições democráticas, foi uma sociedade civil ativa, com lideranças muito importantes para trabalhar nesse processo que vamos enfrentar”.

Na continuidade da reunião, foram apresentadas as premissas para o orçamento para 2023 que irão para apreciação do conselho. O Embaixador José Carlos da Fonseca Jr, diretor executivo da Ibá e chefe da delegação do setor brasileiro na Assembleia Geral do FSC que está ocorrendo agora em Bali, fez relato minucioso de como estão as tratativas e a participação do Brasil na reunião. Posteriormente, ele estimulou o setor a ter participação ativa na COP27. Sobre o mercado nacional regulado de carbono (decreto), feito um report da evolução do trabalho da task force criada para isso.

Francisco Bueno, que comanda a área jurídica da Ibá, fez um relato sobre a liminar contra a Bracell que trata de aquisição e arrendamento de terra. Sobre o tema, Walter Schalka, CEO da Suzano, registrou sua posição para que a associação esteja do lado das empresas do setor de capital estrangeiro. Para finalizar, a gerente de Comunicação da Ibá, Cindy Correa, apresentou o projeto do documentário do setor que está sendo construído em conjunto com as empresas para ser lançado nos próximos anos, já tendo buscado uma solução sólida de financiamento. A proposta é trazer uma abordagem humanizada de histórias reais que foram tocadas pelo setor.

Foto: Divulgação IBÁ