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Abertura do 8º Workshop Embrapa Florestas/Apre destaca a importância do setor florestal para a economia do Estado e do país

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O tradicional workshop Embrapa Florestas/Apre, que chegou este ano à oitava edição, aconteceu na última semana, entre os dias 10 e 11 de agosto, de forma virtual, com a participação de inúmeros profissionais e especialistas ligados ao setor florestal. Com o tema central “Florestas plantadas: a busca por novos negócios”, os palestrantes debateram temas sob o guarda-chuva de três assuntos principais: Institucional, Gestão & negócios e Além da Floresta. Na abertura, Erich Schaitza, chefe-geral da Embrapa Florestas, e Álvaro Scheffer Junior, presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), falaram sobre o perfil multi-instituicional do setor florestal paranaense.

Na avaliação de Schaitza, o workshop é um excelente espaço para conversar sobre as oportunidades, problemas e soluções, com demandas vindas do próprio setor. Já para Scheffer Junior, o tradicional evento serve para apresentar o que há de novo no mercado, nas pesquisas e nas empresas, tudo pensando em aumentar a produtividade e melhorar cada vez mais a qualidade dos produtos. 

O chefe-geral foi quem abriu os trabalhos. Falando sobre o trabalho da Embrapa Florestas, ele destacou que a entidade mantém um canal aberto para receber e ofertar pesquisas inovadoras e citou o importante diálogo mantido entre as empresas, as associações representativas, a academia e os institutos de pesquisa. “Quanto mais expandimos esse diálogo, mais enxergamos problemas que podemos resolver de forma coletiva”, garantiu.

Ele aproveitou também para detalhar os quatro tipos de projeto da instituição: pesquisa básica, projetos aplicados, projeto de risco tecnológico e transferência de tecnologia. O primeiro está ligado à pesquisa universitária e, segundo ele, é preciso apoiar e fomentar pesquisas básicas na universidade. Em segundo lugar, os projetos aplicados, que não visam à geração de conhecimento somente, mas em resolver problemas de empresas, mercado, sociedade ou oportunidade de negócio – um exemplo é o Fundo Nacional de Controle de Pragas Florestais (Funcema). Como terceiro projeto, ele explicou a parte de risco tecnológico – a Embrapa se associa a empresas para desenvolver um estudo, como o desenvolvimento de bioinseticida para formiga, uso de celulose para diversos fins, aproveitamento de casca de pinus, entre outros. Por fim, Schaitza comentou sobre transferência de tecnologia por meio de cursos, treinamentos etc. Atualmente, a Embrapa Florestas está trabalhando com a Apre em um projeto de risco tecnológico, que engloba o desenvolvimento de uma metodologia para determinação do impacto do setor nas comunidade em que as empresas estão inseridas.

“Temos dois grandes desafios na área florestal: o primeiro é verificar se a atividade é realmente florestal; o segundo é, dentro desse novo mundo de ESG e sustentabilidade, analisar se estamos indo para o caminho certo. Temos indicadores de qualidade de nossas ações e o que queremos com esse projeto é ver se, socialmente, nossas empresas geram desenvolvimento. Nossa percepção é que isso é verdade, mas, desenvolvendo o projeto, conseguimos ter indicadores claros que permitirão alcançar o melhor processo de comunicação. Trata-se de um projeto piloto de desenvolvimento metodológico para que outras associações possam aplicar no futuro”, explica.

Para o futuro, o chefe-geral da Embrapa Florestas apontou alguns temas e desafios que devem estar no radar de todos os envolvidos no setor: proteção florestal, para prevenir incêndios, controlar pragas etc; produzir gastando menos e também produzir vendendo mais, agregando mais valor aos produtos; criação de novos produtos e novas formas de se vender a madeira; entre outros.

“Isso tudo num ambiente saudável de mudanças climáticas. Vamos precisar de uma série de ações ligadas a esse tema, como captura de gases de efeito estufa, geração de produtos verdes em substituição a produtos tradicionais de outros materiais que são carbonizados etc. Mas também um conhecimento maior de como essas mudanças climáticas afetam a nossa produção florestal para podermos nos preparar para isso no futuro”, afirma.

Para finalizar sua palestra, Erich Schaitza garantiu que o setor florestal paranaense pode trabalhar com a excelente oportunidade de ser referência nacional e global em qualidade de produção. Para isso, é preciso que a Embrapa Florestas, a Apre e as empresas “pensem fora de suas caixinhas de produção”.

“O Brasil terá que restaurar 12 milhões de hectares de florestas em recuperação. Ou seja, temos uma excelente oportunidade de ter fontes de sementes para programas de restauração ou pela mera manutenção das fontes dessas florestas, ser um depositório de diversidade, de planejamento de espaço rural, inserindo, de forma consistente, corredores, para garantir um ambiente melhor para todos nós. Temos um enorme conhecimento para mostrar para o mundo como se planta árvore”, concluiu.

Dando sequência à parte institucional do evento, Álvaro Scheffer Junior, presidente da Apre, destacou o trabalho de quase cinco décadas da Associação, hoje com 45 empresas associadas – 37 delas com floresta e as demais ligadas à cadeia produtiva do setor florestal -, além de 11 instituições de ensino e pesquisa. Segundo ele, a Apre mantém uma atuação forte, apartidária e de constante diálogo com as esferas pública, organizações setoriais, formadores de opinião e sociedade no desafio de promover e fortalecer ações produtivas do setor florestal paranaense.

As associadas detêm 46% da área territorial com plantios florestais no Estado, praticamente metade da área florestal do Paraná. Para dar uma ideia dessa dimensão, ele citou alguns dados importantes: o Brasil possui cerca de nove milhões de hectares de florestas plantadas. O Paraná tem a maior área de plantio de pinus – 722 mil hectares –, além de 286 mil hectares plantados de eucalipto, somando pouco mais de um milhão de hectares. Hoje, ocupa a quarta posição no ranking nacional de área plantada total. Em 2018, quando a Apre lançou seu primeiro estudo setorial, o Estado estava na terceira colocação, mas, recentemente, o Mato Grosso do Sul ultrapassou o Paraná, principalmente por questões de políticas públicas e incentivo do governo de lá que merecem destaque.

“Nosso setor é bastante produtivo, até pelas condições extremamente favoráveis de clima e de solo e grande desenvolvimento de pesquisa genética. Por conta da alta conversão das áreas florestais para áreas agrícolas, o setor florestal tem focado muito nesta questão de aumento de produtividade, de qualidade da madeira e de eficiência nos processos, para reduzir ainda mais a perda de matéria-prima. Dessa forma, temos conseguido, com a mesma área ou até mesmo com uma área menor, alcançar os mesmos patamares de produtividade, suprindo, assim, o mercado. E os números refletem o empenho do setor florestal paranaense nisso: entre as empresas associadas à Apre, os incrementos médios anuais tanto para pinus como para eucalipto estão 10% e 25% acima da média nacional, respectivamente”, lembra.

Na avaliação dele, uma grande característica do setor florestal no Paraná é justamente a capacidade de inovar e de buscar novas tecnologias. Um exemplo é o Fundo Cooperativo para Melhoramento de Pinus (Funpinus), que visa ao melhoramento genético não exclusivamente para crescimento e produtividade, mas para qualidade da madeira, com foco em densidade, núcleo nodoso, angulação de galhos, buscando o aumento de produção de resina para garantir melhor qualidade.

Outra característica importante do Sul que merece destaque, principalmente no Paraná e em Santa Catarina, é quanto à distribuição das áreas, com os mosaicos florestais. Entre as associadas à Apre, por exemplo, para cada hectare de área plantada, existe mais um hectare de floresta nativa destinada à preservação. Os números mostram que, mais do que cumprir o que a legislação exige, as empresas associadas estão alinhadas com o que se espera de empresas éticas e comprometidas com a sociedade.

“Tenho convicção de falar que o setor florestal paranaense, dentro do agronegócio do Estado, é o que mais preserva o meio ambiente. Esse dado é de grande importância, principalmente num ano atípico como o que vivemos, com escassez de água, por exemplo, pois nas áreas preservadas estão as nascentes, os mananciais. O setor florestal protege e garante a existência desses recursos hídricos. Isso é fundamental para o meio ambiente e para toda a população do Estado. É o nosso foco na visão de sustentabilidade, de preservação do meio ambiente”, afirma.

Outro dado importante apresentado por Scheffer Junior é o de seis mil empresas florestais existentes no Paraná, que representam 10% do total brasileiro, com a geração de mais de 100 mil empregos diretos – mais de 16% dos empregos gerados pelo setor florestal brasileiro. Com relação aos empregos indiretos, o presidente da Apre apontou que aproximadamente 400 mil pessoas são beneficiadas pelo setor. Os dados fazem parte do Estudo Setorial da Apre, lançado no fim do ano passado.

“Pela característica do segmento no Estado e pela localização geográfica, de terrenos mais íngremes e de acesso mais difícil, o uso de mão de obra ainda é muito grande, pois há a dificuldade de mecanização em algumas áreas. Nessas regiões onde as empresas florestais estão alocadas, que são regiões mais carentes, não temos desemprego, temos oferta de emprego, temos atividade. Ou seja: o setor florestal traz um benefício enorme para o Paraná, diminuindo o desemprego e, consequentemente, o êxodo rural”, avalia.

Para fechar a abertura oficial do workshop, Álvaro Scheffer Junior confirmou que o setor florestal está de olho no futuro, pois une tecnologia e pessoas para gerar crescimento econômico e desenvolvimento socioambiental, além de soluções para a nova economia, que foca também em colaboração, justiça e nos impactos das atividades humanas. “Mais do que cultivar árvores e ser um negócio ambientalmente sustentável, as empresas do setor exercem um papel primordial na transformação social e econômica das regiões nas quais realizam atividades. Somos uma indústria que tem o compromisso com o desenvolvimento sustentável, por meio de ações focadas nas pessoas, no meio ambiente e na prosperidade das comunidades”, completou.

Foto: Captura de tela 8º Workshop Embrapa Florestas/Apre