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65 Anos da Engenharia Florestal no Brasil: uma trajetória de pioneirismo, desafios e compromisso com o futuro

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por Eleandro José Brun*

Em 30 de maio de 1960, o Brasil dava um passo histórico ao criar o curso de Engenharia Florestal por meio do Decreto Federal nº 48.247. A medida respondia a uma necessidade urgente: formar profissionais capazes de manejar, conservar e planejar o uso sustentável de nossos recursos florestais. Até então, a exploração das florestas brasileiras era feita de forma empírica, sem o devido amparo técnico, mesmo sendo o país detentor da maior floresta tropical do planeta.

A criação do curso representou um marco não apenas para o ensino superior, mas para toda a sociedade brasileira. Era o início de uma trajetória que uniria ciência, sustentabilidade e desenvolvimento, orientada pelo princípio de que os recursos florestais devem servir tanto às necessidades do presente quanto às futuras gerações.

O pioneirismo do Paraná

Inicialmente sediada em Viçosa (MG), a Escola Nacional de Florestas foi transferida para Curitiba (PR) em 1963, onde passou a integrar a Universidade Federal do Paraná (UFPR). O Paraná tornou-se, assim, o berço consolidado do ensino superior em Engenharia Florestal no Brasil. Hoje, o estado abriga quatro cursos reconhecidos pela qualidade e relevância: além da UFPR, destacam-se os cursos da UNICENTRO (Irati), UTFPR (Dois Vizinhos) e FAJAR (Jaguariaíva).

O protagonismo paranaense vai além do ensino: o estado é referência na produção florestal, com destaque para setores como celulose, papel, madeira para construção civil e energia de biomassa. Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) apontam que o Brasil está entre os dez países com maior área de florestas plantadas no mundo, com cerca de 10 milhões de hectares. Nesse cenário, o Paraná é protagonista: é o maior produtor de pinus do país e responde por 20% da madeira produzida nacionalmente.

O Paraná também lidera iniciativas inovadoras como o incentivo aos planos municipais de arborização urbana e conta com cinco entidades associativas dos Engenheiros e Engenheiras Florestais (APEF, AEFLOR, AEFOS, ASPEF e ANPEF), com sedes, respectivamente, em Curitiba, Irati, Dois Vizinhos, União da Vitória e Castro. Essas entidades, em parceria com os cursos, formaram, em 2023, a Câmara Especializada em Engenharia Florestal no CREA-PR, que tem atuado na liderança dos processos de transformação da formação e da atuação profissional em todo o estado, de forma a apoiar cada vez mais o desenvolvimento do setor.

Avanços e expansão da formação florestal

Desde sua criação, a Engenharia Florestal cresceu e se diversificou. Hoje, são 68 cursos em todo o Brasil, oferecidos por universidades públicas e privadas, responsáveis pela formação de aproximadamente 30 mil engenheiros florestais por ano.

A atuação dos engenheiros florestais é ampla: abrange desde a silvicultura até o planejamento urbano e ambiental, passando por áreas como legislação, mapeamento, economia, fitossanidade, manejo, tecnologia da madeira , e muito mais. É uma profissão para quem deseja contribuir de forma concreta com o bem-estar do planeta, sem abrir mão do desenvolvimento econômico e social.

Uma data para celebrar e refletir

A celebração dos 65 anos do curso de Engenharia Florestal no Brasil é uma oportunidade de reconhecer a importância dessa formação para o setor florestal e para a sociedade como um todo. Sem profissionais qualificados, não há desenvolvimento sustentável. E, para formar esses profissionais, é fundamental garantir a existência de universidades estruturadas, com bons professores, infraestrutura adequada e projetos de ensino, pesquisa e extensão alinhados às necessidades das empresas do setor e do país.

Desafios do presente e do futuro

Os desafios atuais da Engenharia Florestal incluem a formação de profissionais em número e qualidade suficientes para atender às diversas frentes de atuação. Além disso, é preciso preparar esses profissionais para contextos cada vez mais complexos, que exigem matéria-prima sustentável.

Para isso, os profissionais têm se preparado para usar os avanços tecnológicos em favor da sustentabilidade, tais como a o uso de drones, máquinas avançadas, conectividade, rastreabilidade, ferramentas remotas diversas e inteligência artificial.

* Eleandro José Brun é Engenheiro Florestal, Doutor pela Universidade Federal de Santa Maria (RS), professor do curso de Engenharia Florestal da UTFPR – Dois Vizinhos (PR), atua nas áreas de Silvicultura e Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. É Coordenador Nacional das Câmaras Especializadas em Engenharia Florestal do CONFEA, Coordenador da Câmara Especializada em Engenharia Florestal do CREA-PR, Secretário-Geral da SBEF e membro do Conselho Científico da APRE Florestas.