Mais uma vez, por conta da pandemia do novo coronavírus, a reunião técnica mensal da Apre aconteceu via internet e reuniu mais de 25 pessoas. O advogado Alessandro Panasolo adiantou as últimas novidades sobre as questões jurídicas que envolvem a aplicabilidade do Código Florestal na Mata Atlântica e o diretor executivo da Apre, Ailson Loper, apresentou os resultados preliminares do Mapeamento Florestal do Paraná.
Segundo Loper, a Associação, por compreender a importância de ter informações fidedignas da área plantada do Estado, fez um levantamento de tecnologias e soluções. Para isso, foi criado um grupo de trabalho, com dois pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que coordenaram a metodologia. Além disso, outros dois profissionais foram contratados para realizar o processamento. Já o suporte de aferição para o trabalho foi realizado com base nos dados das empresas associadas. “Essa interação entre as empresas foi decisivo para a qualidade, prazo e pelo resultado que conseguimos alcançar”, apontou o diretor executivo.
O mapeamento levantou que a área plantada do Paraná é composta, aproximadamente, por 70% de florestas de pinus e 30% de eucalipto. Além disso, o estudo mostrou que o Estado vem perdendo áreas de florestas plantadas há algum tempo. Com o resultado preliminar, o grupo de trabalho está gerando os mapas e confrontando as informações com outros levantamentos. Loper adiantou que o eucalipto começa a aparecer em outras regiões que não são polos tradicionais e que, na área plantada de pinus, os polos de plantios se evidenciam, mas não houve muita novidade nos últimos cinco anos. Ele citou, ainda, que a Fundação Getúlio Vargas (FGV), entidade que está realizando o estudo setorial da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), está utilizando as informações do mapeamento da Apre, no que diz respeito ao Paraná.
A próxima reunião técnica da Apre, também de forma remota, vai acontecer no dia 16 de outubro.
Sustentabilidade
A reunião técnica da Apre teve, ainda, a participação de Vanessa Monteiro, Charleston Arruda e Emerson Barbosa, da Klabin, que falaram sobre “Práticas sustentáveis, soluções e inovações sustentáveis para a cadeia de papel”.
Vanessa Monteiro, engenheira ambiental da empresa, destacou as atividades voltadas à sustentabilidade adotadas pela Klabin, como a adesão, em 2016, aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Desde então, a companhia vem construindo uma agenda com ações e metas para atender ao compromisso até 2030.
Além disso, a engenheira citou outros programas, como:
– Política Nacional de Resíduos Sólidos, em que 80% do que é colocado no mercado é recuperado para reciclagem, conferindo à empresa a marca de maior empresa recicladora do país dentro da categoria;
– Manejo florestal – a Klabin foi pioneira no FSC em mosaico, com entremeado de florestas nativas e florestas plantas, o que proporciona preservação ambiental;
– Parque ecológico – situado em Telêmaco Borba, com 9,3 mil hectares e abrigo de 160 animais, de 40 espécies diferentes, aberto à visitação;
– Fóruns em Santa Catarina e Paraná para buscar ações para desenvolvimento das cidades;
– Matriz energética – a energia utilizada pela Klabin é quase 100% de autogeração, e o excedente, suficiente para abastecer uma cidade de 500 mil habitantes, é vendido para o Sistema Nacional de Energia;
– Emissões de gases de efeito estufa – a empresa, somando fontes fixas e energia elétrica adquirida, conseguiu uma redução nas emissões e no consumo de combustíveis, com diminuição em 60% da emissão de gases estufa entre 2003 e 2019;
– Balanço de carbono – todas as unidades emitem 6,4 milhões de toneladas de CO2, enquanto que o estoque de carbono é de 11,1 milhões de toneladas – ou seja, o balanço é positivo por conta da compensação do estoque das florestas;
– Água – a empresa diminuiu o consumo de água em 45%;
– Resíduos – hoje, a Klabin tem 96,6% de reaproveitamento de resíduos
Em seguida, Charleston Arruda, analista de negócios da companhia, falou sobre o trabalho para desenvolvimento de novos negócios, trazendo uma linha do tempo com as soluções criadas pela empresa.
Para fechar a apresentação, Emerson Barbosa, vendedor técnico sênior para Rio Grande do Sul e Santa Catarina, complementou a fala de Charleston, ressaltando que a Klabin vem estudando novos produtos para que o mercado tenha embalagens cada vez mais sustentáveis. A demanda também surgiu de um cliente, que buscava uma embalagem para diminuir a dependência do plástico no campo. Assim, a companhia desenvolveu uma embalagem de papel com três folhas, com barreira de umidade e resina repelente à agua, já que, muitas vezes, as embalagens são estocadas ao ar livre. “Se pensarmos em sustentabilidade, estamos saindo de uma embalagem 100% plástico, em que apenas 2% voltam para cadeia de reciclagem, e chegando a uma opção 90% papel, em que 80% retornam para a reciclagem”, destacou.
Segundo Barbosa, a Klabin vem investindo bastante em inovação. “Cada vez mais estão se abrindo novos mercados. Assim como nós, muitas empresas também vivem da madeira. Quanto mais fomentarmos a utilização do papel, mais madeira será necessária. Devemos fomentar o mercado”, sugeriu.
Sobre isso, Ailson Loper reforçou que o setor florestal é o driver da bioeconomia, tema tão discutido atualmente. “É importante sabermos como estamos na pesquisa, e vemos que estamos na fronteira. Somos protagonistas. Por isso, precisamos unir forças e seguir nesse caminho da sustentabilidade”, completou.