Países que em suas histórias possuem o relacionamento íntimo com as florestas como Alemanha, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia utilizam a madeira de florestas naturais de forma estrutural em suas residências. No Brasil, a cultura da construção de casas com o material é regionalizada e restrita ao sul do país, porém este cenário deve sofrer uma mudança nos próximos anos, devido ao uso da madeira proveniente de florestas plantadas para a construção de casas e edifícios, que serão construídos com sistemas inteligentes.
Há alguns anos instituições, governo e universidades vem trabalhando para a aprovação da norma técnica do sistema construtivo wood frame. “Esta é a única forma de deixarmos este sistema construtivo oficial, tanto no escopo da construção quanto no de financiamento por órgãos públicos no país”, justifica o superintendente da Associação Brasileira da Industria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), Paulo Pupo. De acordo com a associação, o texto da norma está sendo revisado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e depois desta etapa será enviado para consulta nacional, mas ainda não há data definida para que isto ocorra.
Com a sua aprovação o consumidor poderá se sentir mais confiante no momento da escolha do sistema frente a outros mais tradicionais. “Todos os consumidores precisam ter a garantia de que ao construir com o sistema como o wood frame não terão nenhum problema por 30 a 40 anos”, reforça, Euclésio Finatti, coordenador da Comissão de Estudos de Wood Frame da ABNT.
De acordo com o coordenador do Núcleo da Madeira, Humberto Tufolo, esta mudança de concepção do consumidor deve ocorrer devido a sustentabilidade da madeira. “Antes da matéria-prima estar disponível para o uso na construção civil, ela sequestrou dióxido de carbono da e devolveu oxigênio para a atmosfera. Além disto, vamos agregar valor ao campo e ao material que ele nos proporciona para uma construção moderna”.
Enquanto a norma não é aprovada, empresas brasileiras já estão se adaptando para este futuro e realizando construções com sistemas inteligentes. “A madeira obviamente é o componente principal do sistema wood frame, mas não podemos dizer que se trata simplesmente de uma casa de madeira porque o produto final que se vê é igual ao de qualquer outro método construtivo. As casas são “iguais às de alvenaria”, mas com muito mais tecnologia agregada, conforto termoacústico e construída em um método fabril 100% sustentável”, Marcelo Gullo, diretor da MG Homes.
Madeira tratada
Para que a madeira de reflorestamento tenho uma vida útil mais longa, estimada em mais de 30 anos, ela precisa ser tratada quimicamente em sistema de vácuo-pressão para que se torne resistente ao ataque de organismos xilófagos como cupins, brocas e fungos. “As madeiras de florestas plantadas como o pinus e eucalipto são excelentes do ponto de vista físico e mecânico, porém do ponto de vista biológico são deterioráveis, por este motivo, precisam ser tratadas”, explicou Flavio Geraldo, diretor da FG4Mad.
Atualmente, segundo o diretor da FG4Mad, o mercado nacional ainda tem um grande potencial para ser atingido. “Nos Estados Unidos o volume médio anual produtivo é de 28 milhões de metros cúbicos, deste 75% é destinado para o setor construtivo. O país tem 460 Usinas de Preservação de Madeiras (UPMs). No Brasil, atingimos um volume anual de 2,5 a 3 milhões de metros cúbicos com praticamente o mesmo número de UPMs, porém 60% deste volume é destinado ao meio rural, mourões para cercas, por exemplo”.
Para saber mais a respeito, confira o episódio Uso da Madeira na Construção Civil, apresentado por Thalita Vieira e produzido por Paulo Cardoso.
Fonte: Floresta S/A – Canal Rural