Uma área que emprega diretamente 500 mil brasileiros e impacta indiretamente mais de 3,8 milhões de pessoas. Que já anunciou o investimento de R$ 32 bilhões para os próximos anos e que, mesmo em meio à crise vivida nos últimos quatro anos, aportou mais de R$ 20 bilhões em florestas, plantas industriais e, especialmente, em ciência e tecnologia para desenvolver cada vez mais a competitividade. Este é o setor de florestas plantadas, que vai na contramão da economia nacional.
“Estamos fechando um ano que não foi maravilhoso, porque o mundo está andando um pouco de lado e o setor tem uma relação muito grande com o comércio internacional. Mas foi um bom ano. Quando olhamos o investimento que o setor já está fazendo, identificamos um olhar de quem acredita no futuro, no desenvolvimento do Brasil e do planeta”, avalia o presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Paulo Hartung.
Além do impacto econômico e social, Hartung também destaca o impacto ambiental, que é pouco conhecido pela população. “Quando árvores são plantadas simultaneamente se preserva e recupera florestas nativas, em Reservas Legais (RL) e em Áreas de Preservação Permanente (APPs). O setor também vai além das suas obrigações legais. Para cada 1 hectare plantado outro 0,7 é conservado”, destaca.
Um grande balizador para que o setor permaneça neste caminho sustentável é a certificação FSC. No Brasil, atualmente produtos como o papel são comercializados apenas se apresentarem o selo que atesta que todas as etapas produtivas seguem os princípios da sustentabilidade. Diversos países no mundo consideram a certificação fundamental para adquirir um produto.
“Todas as organizações que são certificadas em manejo florestal pelo FSC devem cumprir uma norma de certificação. Esta possui dez princípios, os quais abordam aspectos ambientais, sociais e econômicos, além de diversos critérios e indicadores. As organizações que possuem plantações devem demonstrar anualmente, durante as auditorias, que estão cumprindo com estes requisitos. Caso seja identificado algum problema – não atendimento a um requisito –, são emitidas as não-conformidades, e a depender da gravidade da situação, uma organização pode perder seu certificado. Entretanto, se o problema detectado for passível de correção, a organização pode ter de três meses a um ano (a depender do tipo de não-conformidade) para demonstrar evidências de suas ações”, esclarece a coordenadora técnica do FSC Brasil, Daniela Vilela.
Um exemplo do trabalho que é feito pelo setor florestal na preservação vem da Veracel, empresa que possui certificação FSC e Programa Brasileiro de Certificação Florestal (Cerflor). “O nosso manejo florestal, com base no conceito de gestão da paisagem, contempla o plantio de eucalipto em mosaicos – plantio do eucalipto entremeado com fragmentos de mata nativa – associado ao Programa Mata Atlântica (PMA) de restauração florestal do bioma. Entre 1994 e 2018, o programa já reflorestou 6.533 hectares, no território da Costa do Descobrimento (Bahia). Com esta iniciativa, nos últimos 14 anos, mais de 65 mil hectares de fragmentos da mata nativa já foram conectados em todo o território, por meio da formação de corredores ecológicos que asseguram a troca genética de fauna e flora entre os fragmentos antes isolados. A meta é reflorestar 16,9 mil hectares com espécies nativas até 2030”, detalhou o gerente de meio ambiente e gestão integrada, Luiz Henrique Tapia.
Para serem certificadas, as organizações também precisam identificar e monitorar seus impactos tanto no meio ambiente, quanto nas pessoas (vizinhos, comunidades, trabalhadores) e realizar ações para evitar, minimizar ou mitigar estes impactos.
“Por este motivo, as organizações certificadas possuem ações de restauração de áreas que foram degradadas anteriormente, programas sociais para buscar o desenvolvimento de comunidades em seu entorno, fornecem treinamento para seus trabalhadores executares suas atividades de forma segura, dentre outras”, justifica Daniela Vilela.
Fonte: Canal Rural – Blog Floresta S/A