As empresas com florestas plantadas estão entre as que mais conservam áreas nativas no país, seja por meio de iniciativas voluntárias de conservação ambiental ou pelo cumprimento da legislação. A constatação apareceno Estudo Setorial de Florestas Plantadas, produzido pela Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre).
Para o presidente da Apre, Álvaro Scheffer Junior, o setor de base florestal plantada no Paraná trabalha diariamente para ajudar a proteger a biodiversidade, o solo, os mananciais e demais recursos hídricos a partir da preservação de recursos florestais nativos, o que faz com que os processos ecológicos essenciais dos ecossistemas existentes no Estado sejam mantidos. As empresas que possuem plantios florestais mantêm, atualmente, entre 700 e 750 mil hectares com ecossistemas florestais nativos no Estado, e somente as associadas à Apre contribuem com aproximadamente 390 mil hectares, pouco acima de 50% do totalem terras sob sua propriedade e 90% em relação à área plantada. Nessas empresas, para cada 100 hectares de florestas plantadas, mais 90 hectares são de áreas de conversação.
“A participação das nossas associadas na manutenção dos recursos florestais nativos e de sua biodiversidade no Paraná é bastante significativa. Por isso, é importante evidenciar a contribuição ambiental das associadas à Apre, principalmente por APP (Área de Preservação Permanente) e RL (Reserva Legal), o que configura um dos maiores ativos de conservação privados do Estado do Paraná”, destaca Scheffer Junior.
Dentre as formas de preservação e proteção ambiental estão as Áreas de Preservação Permanente (APP), as Reservas Legais (RL) e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), que estão regulamentadas pelas Leis federais 12.651, de 2012, e 9.985, de 2000. No Paraná, as RPPNs somam 259 unidades cadastradas e averbadas, o que representa 54 mil hectares de área sob conservação, distribuídas em 98 municípios. Desse total, 88%são de âmbito estadual, com 46,1 mil hectares. Os outros 6% são RPPN federais e mais 6% estão no âmbito municipal. As associadas da Apre contam com três áreas em RPPN, totalizando cerca de quatro mil hectares, ou seja, 8% do total do Estado.
Com relação às unidades de conservação, o Paraná possui 178 unidades estaduais e municipais. Segundo dados do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), as unidades estaduais somam 1,2 milhão de hectares, compreendendo áreas de proteção ambiental (APA) estaduais, estações ecológicas, florestas e parques estaduais, entre outras. Ainda de acordo com o IAP, as Unidades de Conservação federais localizadas no Estado somam 10 unidades com 1,6 milhão de hectares, entre APA, estação ecológica, florestas e parques nacionais.
Vantagens das árvores plantadas
Segundo o Estudo publicado pela APRE, o uso e o consumo sustentável de produtos florestais plantados oferecem inúmeras vantagens à sociedade. As árvores plantadas, por exemplo, ajudam a proteger os habitats e os ecossistemas naturais; reduzem a pressão sobre as florestas nativas; protegem e mantém a biodiversidade; fixam e sequestram carbono, contribuindo para a redução e mitigação do efeito estufa e regulação climática; protegem e regularizam o regime hídrico pela conservação de mananciais e de bacias hidrográficas, com melhoria da qualidade da água;mantêm a fertilidade do solo e reciclagem de nutrientes; entre outros.
Com relação ao uso de produtos provenientes de florestas plantadas, o Estudo Setorial aponta os seguintes benefícios:
– Madeira de origem responsável e renovável, associada ao apelo ambiental, pois as árvores ao crescerem fornecem ampla gama de outros benefícios, como o armazenamento de carbono, a geração de oxigênio e a proteção de habitats naturais;
– Conceito sustentável, principalmente de produtos certificados que atendem aos componentes e exigências dos componentes econômico, ambiental e social dos selos de certificação;
– Madeira de floresta plantada é de rápido crescimento, comparativamente às espécies nativas, o que possibilita produção em larga escala e em tempo reduzido, com menor ocupação de área cultivada e impacto ambiental;
– Madeira como material é durável, quando devidamente cuidada e tratada, apresentando grande longevidade;
– Reuso e reciclagem, em função de seu potencial de reutilização, seja para produtos de maior valor agregado, como móveis de madeira de demolição, ou geração de energia;
– Mitigação de mudanças climáticas ao remover o carbono da atmosfera e reduzir novas emissões;
– Produção e processamento utilizam muito menos energia do que a maioria dos outros materiais de construção, proporcionando aos produtos de madeira uma pegada de carbono (carbonfootprint) significativamente menor;
– Produto substituto de menor consumo de combustíveis fósseis na sua produção e, portanto, com geração de menos dióxido de carbono comparativamente a outros materiais;
– Madeira de plantios florestais é estruturalmente muito forte, e a madeira de diversas espécies plantadas se mostra mais resistente comparativamente ao aço (20% a mais) e a certos tipos de concreto (quatro a cinco vezes mais);
– Madeira é um isolante natural, devido aos espaços com ar na sua estrutura celular, e, por esse motivo, é considerada até 15 vezes melhor do que a alvenaria e o concreto, 400 vezes melhor do que o aço e 1.770 vezes melhor do que o alumínio, o que ajuda a reduzir o custo de aquecimento e resfriamento de um edifício.
Mudanças climáticas
Para ajudar na mitigação das mudanças climáticas, o Paraná tem atuado em conjunto com o governo federal na formulação e detalhamento de estratégias e ações para implementar o compromisso assumido pelo Brasil na Conferência Internacional do Clima (COP21), que aconteceu em Paris,em 2015. Para isso, o Estado desenvolveu e implantou uma iniciativa inédita no Brasil, o Selo Clima Paraná, um registro público de adesão voluntária que tem como principal objetivo estimular as empresas a publicarem inventários de emissões de gases de efeito estufa(GEE), que contribuem para mudanças climáticas.
Para a adesão ao Selo Clima, as empresas devem cadastrar-se e enviar à Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA) suas respectivas declarações de emissão de gases de efeito estufa. As empresas que apresentam reduções nas emissões são beneficiadas com o selo, tendo a possibilidade de extensão do prazo de validade de suas Licenças de Operação. Em 2016, 12 empresas receberam o selo, e duas destas são associadas à Apre.
“Isso evidencia o interesse e a preocupação do setor florestal de base plantada do Estado nesta questão. A transição para uma economia de baixo carbono é inevitável e o Paraná, assim como as associadas à Apre, têm demonstrado engajamento na busca pela redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE)”, ressalta o presidente da Apre.
Cadastro Ambiental Rural (CAR)
Um dos mais importantes programas ambientais em nível nacional é o Programa de Regularização Ambiental (PRA), que compreende um conjunto de ações ou iniciativas a serem desenvolvidas para adequar e promover a regularização ambiental. Uma dessas ações é o Cadastro Ambiental Rural (CAR), um registro eletrônico autodeclaratório obrigatório para evidenciar o status da regularização ambiental (APP e RL) das propriedades e posses rurais. A inscrição do imóvel rural objeto de regularização é condição obrigatória para a adesão ao programa. Recentemente, o prazo para realizar o cadastro foi prorrogado para 31 de dezembro.
De acordo com o Estudo Setorial de Florestas Plantadas produzido pela Apre, um importante indicador ambiental é o número de imóveis privados com CAR e sua relação ao número total de imóveis em uma região ou Estado. Até meados de 2016, o Paraná estava posicionado na segunda colocação nacional, com 357 mil imóveis cadastrados (96%) do total de 371 mil propriedades rurais. Em área, os imóveis cadastrados representaram cerca de 14 milhões de hectares.
“Esse resultado é expressivo e indica que os proprietários desses imóveis rurais têm buscado a recuperação de APP, RL e demais ações de restauração. As empresas associadas à Apre, com suas iniciativas de programas ambientais, atenderam mais de 2.400 pessoas em 2016, e os investimentos nessas iniciativas somaram R$ 3,84 milhões. Nos próximos cinco anos, a expectativa das nossas associadas é de atender mais de 3.900 pessoas, com perspectiva de investimento superior a R$ 6,8 milhões em atividades de cunho ambiental. Esses números evidenciam o engajamento e contribuição do setor florestal paranaense, com destaque para as empresas associadas à Apre, que participam ativamente com iniciativas para a preservação e proteção ambiental do Estado”, completa.